O Conselho Geral da NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém aprovou por unanimidade o PEDES – Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico e Social 2020-2030, preparado pela direcção da associação com o contributo dos agentes políticos, económicos e sociais da região. No documento, são definidos 9 eixos estratégicos de actuação em prol do sector empresarial, do desenvolvimento regional e do bem-estar social.
Ao longo dos últimos meses, a direcção da NERSANT, presidida por Domingos Chambel, tem trabalhado na definição da estratégia da associação empresarial para os próximos anos, que culminou na apresentação e aprovação, na reunião do Conselho Geral do passado dia 11 de Dezembro, do Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico e Social 2020-2030.
A forte desertificação e perda generalizada de população da região, baixos índices de natalidade e população envelhecida, a falta de recursos humanos para satisfazer as necessidades das empresas, a residual formação profissional de excelência para dar resposta às exigências das empresas e residual transferência dos centros do conhecimento para o desenvolvimento prático das mesmas, a ausência de uma rede de mobilidade que satisfaça a deslocação da população profissional e esteja em consonância com os horários laborais, a insuficiência de estruturas rodoviárias estratégicas, os custos de interioridade, a morosidade na revisão dos planos directores municipais e o desajuste da legislação das ALE’s – Áreas de Localização Empresarial face às necessidades da economia actual foram os factores detectados pela NERSANT com influência negativa no sector empresarial, no desenvolvimento regional e, implicitamente, no bem-estar social, e que vão agora ser trabalhados no PEDES 2020-2030, através de 9 eixos estratégicos de actuação, relatou Domingos Chambel, presidente da direcção, na reunião do Conselho Geral.
No eixo 1, referente à Formação Profissional de Excelência, e tendo em consideração o défice de mão-de-obra qualificada, a NERSANT pretende “tornar a região num centro de formação de excelência”, através do desenvolvimento, “junto do IEFP, da alteração da estrutura de funcionamento dos Centros de Formação da região” e do desenvolvimento de “condições para criação de Centros de Formação Profissional de excelência que cubram as necessidades da economia do território”. O objectivo é que estes centros garantam que “os recursos financeiros gastos na formação trazem retornos reais às empresas e à economia da região”, dêem prioridade a “cursos de formação de acordo com o interesse das empresas” e garantam a aquisição de conhecimentos “majoráveis à economia regional”.
O eixo 2 do PEDES – Centros de Transferência de Conhecimento tem como objectivo eleger a região como centro de transferência de excelência e conhecimento para as empresas. Do plano de acções deste eixo, destaca-se o reforço da articulação com o Ensino Superior e com os Centros de Investigação e Conhecimento. O desenvolvimento de “mecanismos junto do poder político decisório e administrações do ensino superior da região para que os cursos ministrados estejam prioritariamente em consonância com as necessidades da economia da região”, trabalhar para que “os conteúdos programáticos dos cursos técnicos do ensino superior se desenvolvam em grande parte em contexto laboral prático”, a “criação de corredores verdes de comunicação entre as administrações de estabelecimentos de ensino superior, empresas e NERSANT”, “protocolar a articulação entre o ensino superior, empresas e NERSANT” e “incentivar a criação de novos centros de investigação e conhecimento e exponenciar os existentes”, através da transferência do conhecimento para as empresas ou desenvolvimentos em parcerias, tornando as empresas “mais competitivas face à concorrência externa”, incentivando o seu potencial exportador, são algumas das ações previstas para este eixo estratégico.
No eixo 3 – Mobilidade, é objectivo “garantir a mobilidade gerada pelos eixos formação profissional e transferência do conhecimento, assim como os fluxos existentes de todos os profissionais”, através da criação de uma solução que “contrarie a opção existente de recurso a transporte individual”. Assim, o eixe 3 pretende, para além do cumprimento do objectivo da “redução de carbono na região”, “desenvolver um plano de mobilidade a nível regional com cariz colectivo que dê resposta a estes fluxos populacionais rentabilizado com transporte de mercadorias ligeiras”.
Para isso são necessárias Infra-estruturas de Comunicação Rodoviária, tema que perfaz o eixo 4. “Face ao impacto ambiental de mais 1000 camiões por dia, dos quais 480 de transportes contínuos de matérias perigosas dentro da malha urbana da Chamusca – Alpiarça – Almeirim, vindos a nível nacional para o Ecoparque do Relvão, e o escoamento e abastecimento de produtos dos polos de desenvolvimento económico e sustentabilidade social importantíssimos”, é premente “mobilizar todos os agentes políticos, económicos e ambientais para sensibilizar o Governo no sentido de considerar prioritário no Programa Nacional de Investimentos estratégicos do Estado”, “a construção do IC3 na ligação Vila Nova da Barquinha a Almeirim” e “a construção do IC9 e nova travessia do Tejo que possibilite o desenvolvimento sul da região, nomeadamente o fornecimento e escoamento dos produtos a três grandes polos, Mitsubishi, Caima e Ecoparque do Relvão”.
Outro dos objectivos do PEDES 2020-2030 é Exponenciar a Região como Placa de Plataforma Logística – Eixo 5. Neste item, a NERSANT tem como objectivo promover as potencialidades geostratégicas da região através das infra-estruturas já existentes (armazenagem-transporte-grupagem-distribuição) e através do desenvolvimento de diversas acções, entre as quais a congregação de “vontades políticas, militares, intermunicipais e municipais, no sentido de junto dos órgãos decisores, sensibilizá-los da importância para o desenvolvimento económico da região” no âmbito da “interoperabilidade ferroviária no sentido da normalização da bitola europeia, sem a qual o transporte ferroviário de escoamento das nossas exportações e importações fica hipotecado e refém do custo acrescido do transbordo de carga entre bitolas” e ainda a “abertura do aeródromo de Tancos à carga comercial, sem perder a valência militar”.
Quanto ao eixo 6, a NERSANT pretende a Promoção da Região e Captação de Investimento. Para tal, a associação pretende promover a realização das suas acções de apoio à internacionalização “em centros privilegiados de informação como é o caso da Plataforma da UE (EIPP)” e a criação de um “gabinete para a captação de potenciais investidores na região”.
O eixe 7 do PEDES tem em conta “o elevado número de empresas ligadas ao ambiente e metalomecânica na região” que enfrentam sectorialmente “os mesmos obstáculos, dividem os mesmos mercados, fornecedores, projectos e vicissitudes legislativas”, referindo-se este eixo, por isso, à necessidade de Criação de um Cluster do Ambiente e da Metalomecânica. Para potenciar essa cooperação, a NERSANT propõe a criação, no PEDES 2020-2030, de dois clusters, um para a área do ambiente e outro para a área da metalomecânica. Fazem parte, assim, do plano de acções do eixo 7, a criação do CATR – Centro de Competências para o Ambiente e Tratamento de Resíduos e do CCM – Centro de Competências para a Metalomecânica.
De acordo com PEDES, o eixo 8 – Exponenciar o Estudo e Desenvolvimento da Produção, Armazenamento e Transporte de Hidrogénio na Região, pretende-se promover com o Governo a criação de um Centro de Estudos e Investigação para o Hidrogénio na Região – (Laboratório Colaborativo – COLAB previsto no EN-H2), em parceria com os institutos politécnicos, Comunidades Intermunicipais, Municípios, Centros de Investigação, grandes consumidores e grandes produtores de energia da região.
O 9.º eixo estratégico de actuação do PEDES 2020-2030 corresponde à Criação de mais centros incubadores de empresas, num total de mais seis centros criados em parceria com os Municípios da região, que têm como objectivo “incentivar a criação de novas empresas e potenciais empresários” e serão “geradores de novas dinâmicas empresariais, criação de riqueza e postos de trabalho”.
Todos os 9 eixos estratégicos do PEDES têm como objectivo comum “criar factores diferenciadores de oferta que motivem o investimento interno e externo na região”, bem como “criar factores diferenciadores de fixação das populações geradores de fluxos migratórios para a região”.
Após a apresentação do PEDES 2020-2030 por parte do Presidente da direcção, Domingos Chambel, António Jorge Rosa, Presidente do Conselho Geral da NERSANT, em representação da MFTE – Mitsubishi Fuso Truck Europe, submeteu o mesmo à aprovação da assembleia de conselheiros, que o aprovou por unanimidade. Também os objectivos de gestão e orçamento para o ano de 2021 foram aprovados em sede de Conselho Geral.