Só não percebe quem não quer perceber que tudo o que se tem passado na comunicação social portuguesa dominada pelos grupos económicos (deploravelmente imitada pela RTP) em torno da Festa do Avante, não tem rigorosamente nada a ver com razões de saúde pública.

Se dúvidas houvesse, as medidas estabelecidas pela DGS, excecionalmente tornadas públicas (e bem) são muito mais rigorosas do que as que vemos em iniciativas do mais diverso tipo, sejam feiras do livro, touradas, cerimónias religiosas ou até jantaradas da extrema-direita, tornaram evidente que a violenta campanha a que temos assistido tem motivações exclusivamente políticas.

A campanha contra a Festa do Avante que temos visto na comunicação social, incutindo o medo, patrocinando iniciativas políticas anticomunistas que parecem inacreditáveis num país democrático como a instrumentação de alguns comerciantes, promovendo iniciativas políticas e judiciais sem pés nem cabeça, dando azo a apelos à violência nas redes sociais, tudo tem valido para atacar a Festa do Avante.

A ofensiva mediática contra a Festa do Avante funciona como um verdadeiro gabinete de ódio anticomunista. Visa a festa, enquanto grande iniciativa política do PCP, mas andará muito distraído quem pensar que só visa a Festa. Esta ofensiva visa o PCP, pela sua natureza anticapitalista e pelo papel decisivo que desempenhou no afastamento do PSD e do CDS do Governo em 2015. O grande capital não perdoa isso ao PCP.

Seria bom porém que todos os democratas entendessem que esta campanha suja contra o PCP é um ataque à democracia. Confrontado com a incapacidade dos partidos da direita tradicional (PSD e CDS) recuperarem o poder a curto prazo, o grande capital aposta os seus trunfos no crescimento da extrema-direita sem qualquer escrúpulo democrático. É assim que a comunicação social voz do dono promove a vigarice do Chega e lança campanhas de ódio contra os mais elementares valores da democracia, começando por atacar quem sempre deu provas de firmeza inabalável na luta pela democracia e a liberdade: os comunistas.

É bom que os democratas se apercebam do que está em causa para que um dia não se arrependam de ter acordado tarde de mais.

António Filipe – Deputado do PCP eleito por Santarém

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