O ano de 1987 fez-me cruzar a porta de entrada do Centro Cultural Regional de Santarém naquele que foi o meu primeiro emprego “a sério”. Tinha 20 anos de idade e integrei uma equipa que me recebeu bem, num ambiente descontraído, mas responsável.

O Centro fervilhava de gente com o Projecto Diagnóstico Sócio Cultural do Distrito de Santarém. Comecei a ajudar na montagem de exposições e no apoio a cursos de fotografia, serigrafia e a participação no de Animador Cultural promovido pelo CCRS nesse ano. A minha passagem pelo Centro durou dois anos, entre 15 de Janeiro de 1987 e 31 de Dezembro de 1988. Conheci gente fantástica com quem aprendi muito.

O Centro foi sempre uma casa recheada de boas ideias e de pouco dinheiro e congratula-me muito saber que resistiu, até hoje, para gritar ao mundo os seus 45 anos de ponto de encontro da arte e dos artistas da região, nas suas múltiplas formas.

Foi e continuará a ser um alfobre para os novos valores, palco de gente consagrada, um recanto cultural que respira e nos encanta.

Quis o destino (para quem acredita nessas coisas…) que este fosse também o primeiro emprego da minha filha Rita, curadora da exposição “Raízes e Novos Horizontes” que celebra os 45 anos do Centro Cultural Regional de Santarém (CCRS).

A mostra destaca a importância de homenagear os fundadores, direcções e cooperantes que contribuíram para a história do Centro. A exposição inclui uma linha do tempo com cartazes, fotografias e documentos históricos, além de obras de arte do espólio de pintura.

O CCRS é reconhecido pela sua resistência e dedicação à cultura, promovendo actividades culturais diversificadas. O Fórum Actor Mário Viegas e a Sala António Amaral são espaços emblemáticos que homenageiam figuras importantes neste percurso. O Open Space, por sua vez, é dedicado à partilha de ideias e à arte, com destaque para a notável obra de João Maria Ferreira.

É incontornável: o Centro é um pilar cultural em Santarém.

Há uma expressão que tirei das redes sociais que assenta bem no que têm sido quatro décadas e meia de luta pela sobrevivência de um projecto cultural que muitos na cidade ainda desconhecem. O ‘eles’ desta metáfora são todas as portas que neste já longo caminho se fecharam na cara de quem procura manter este legado, alguns deles fundadores vivos deste projecto cultural, na certeza de que obstáculos e dificuldades podem fortalecer a determinação e levar a um crescimento futuro inesperado: “Eles tentaram-nos enterrar. Mal sabiam eles que éramos sementes.” Continuem

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