Márcia Gil é a responsável pela Classe de Ballet do Ateneu Artístico Cartaxense e levou ao palco do Centro Cultural do Cartaxo, o Sarau de Inverno “O Boneco de Neve & José e o Maravilhoso Manto das Mil Cores” no dia 12 de Fevereiro. Desde de 2014 que é responsável por esta área na Instituição, onde para além de aulas compostas por cerca de 60 crianças, apresenta em média duas actuações por ano. Segundo a professora de dança, a pandemia trouxe algumas dificuldades de aprendizagem por parte dos seu alunos, mas acredita que com adaptação tudo se consegue superar.

Como é que a Márcia inicia a carreira no mundo da dança e em particular no Ballet?Iniciei no Ateneu Artístico Cartaxense em 2004, com 10 alunas. São 17 anos a criar e remontar Ballet’s. Em média fazemos duas actuações por ano, uma no Inverno e outra no fim do ano lectivo, início do Verão.

Vai apresentar no próximo dia 12 de Fevereiro “O Boneco de Neve & José e o Maravilhoso Manto das Mil Cores”. Em que consiste e como vai ser apresentado o espetáculo? O tema escolhido para o Sarau de Inverno é ‘O Boneco de Neve’ para as classes de Iniciação à Dança, que é baseado no livro de Raymod Briggs e nas músicas Howard Blake. Para as classes de alunos a partir dos seis anos o tema escolhido é ‘José e o Maravilhoso Manto das Mil Cores’, com música de Tim Rice Andrew Lloyd Weber, baseado na história bíblica dos filhos de Jacó. As músicas são bem ecléticas: da balada, ao Rock até ao country. Para as alunas este musical é um consequência do que vivenciamos em sala de aula, que é conhecer a história, o estilo de música e danças. O palco é o nosso momento de partilhar com a plateia.

Integra praticantes de diferentes níveis técnicos e diferentes classes etárias. Como é que se concilia os vários alunos num só espetáculo? A construção de uma apresentação com vários níveis e idades, consiste em saber escolher o que cada grupo pode fazer de melhor em palco. Quando isso acontece o grupo fica motivado e sente responsável pelo desempenho de suas coreografias.

Qual foi até ao momento o espetáculo que coreografou que lhe deu mais luta e porquê? Montei uma vez, uma sequência do Musical Cats. Tentei ser o mais fiel à coreografia original, que é dançado por bailarinos profissionais que fazem audição. O grupo foi bem aplicado e apesar de ser uma coreografia de Jazz Musical, como as alunas tinha uma boa técnica clássica conseguiram fazer um bom trabalho, no qual todos ficamos orgulhosos de termos recriado aquele momento mágico em palco. O ballet mais difícil é sem dúvida ‘O Lago dos Cisnes’, pela sua exigência de técnica e preparação física.

Considera importante ter um suporte como o Ateneu Artístico Cartaxense para levar avante este tipo de iniciativas? Sou muito grata ao Ateneu pela oportunidade e de ter confiado no meu trabalho. Acho que os membros da direcção e funcionários percebem a importância destes Saraus para o nome do Clube e consequentemente a importância de desenvolver a cultura nas crianças e jovens. Estes momentos de palco e bastidores são momentos que ficam na memória e viram experiências de vida.

Como é que se prepara um espetáculo desta envergadura ainda em tempo de pandemia? Que dificuldades sentiu? Num momento de pandemia, tudo fica mais difícil, lento e às vezes até parado. Quando somos obrigados a fazer aulas e ensaiar de modo online. São dois passos para frente e um para trás, o mundo está nos dando o ritmo e temos que nos adaptar. Ter cuidado com a nossa saúde e do outro, manter o distanciamento. Estes conceitos são aprendidos subjetivamente na dança. Disciplina no sentido positivo da palavra. Fazer o que correcto.

Já tem pensado num próximo espetáculo que queira apresentar? Em relação a próxima apresentação, estou a reflectir com Ballet’s que não são muito conhecidos, como ‘Excelsior’ ou ‘Etude’ e ‘La fille mal gardè’. Aliás tem sido uma escolha do Ballet do Ateneu, procurar montar espetáculos que não são muito conhecidos pelo público como ‘Fairy Doll’, ‘Harleqinade’, ‘Paquita’ ou ‘Napoli’, como já fizemos no passado. Uma apresentação onde toda gente está envolvida os pais, avó, avô, tia, padrinhos, da pessoa que doa o seu tempo para levar a criança a actividade, que paga, que incentiva. Eu posso ter muitas ideias boas, mas se não tiver estes parceiros e acreditar no sonho, ele não se realiza. Já agora um muito obrigada a todos que de uma maneira directa ou indirecta estão relacionadas com este projecto.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…