Joana Sá é saxofonista e maestrina, movendo-se entre a performance, a direcção e o ensino. Natural das Caldas da Rainha, actualmente é professora de saxofone e de orquestra de sopros no Conservatório de Música, em Santarém. 

Recentemente publicou o seu primeiro livro, intitulado “O Saxofone Feliz”, “um compêndio de jogos didácticos para os jovens saxofonistas que estão a dar os primeiros passos na grande aventura que é aprender música”, segundo a própria. 

Ao Correio do Ribatejo, a saxofonista revela mais detalhes sobre o seu livro, bem como a sua relação com este instrumento.  

 

De onde surgiu a ideia para escrever “O Saxofone Feliz”?

Este foi um projecto que surgiu na minha investigação do Mestrado em Ensino de Música. Queria investigar sobre os jogos como ferramenta pedagógica e a ligação entre o brincar e o tocar.

Intrigava-me o facto de algumas pessoas nunca tocarem nada além daquilo que o professor de instrumento pedia, isto mesmo a nível universitário. O tocar aqui estava apenas associado ao estudar. Pensei que, então, talvez fosse necessário os professores ensinarem e incentivarem os alunos a explorar e brincar com o instrumento, e por isso decidi investigar ferramentas para tal.

 

Como foi o processo de criação da obra? Foi desafiante escrever um livro para um público tão jovem?

Sim, por vezes o mais difícil é ser simples! Tinha de ser algo cativante para as crianças e numa linguagem acessível. Um desafio foi também passar a minha ideia ao ilustrador. Tive de fazer um moodboard pela primeira vez, e explicar por palavras como imaginava as ilustrações. Felizmente o Bruno Clériston percebeu perfeitamente a minha visão e criou um universo cheio de cor para “O Saxofone Feliz”. Estou muito contente com o resultado final!

 

Qual tem sido a recepção do livro até ao momento? Tem recebido muitas abordagens por parte de crianças?

A recepção tem sido muito positiva, não estava à espera de chegar a tantas pessoas! As abordagens têm sido principalmente de outros professores de saxofone, que ficaram entusiasmados, pois não existia nenhum livro com este tipo de abordagem, direccionado especificamente a esta fase da aprendizagem.

 

Que mensagem/ensinamentos espera que elas retirem com esta obra?

A principal mensagem para as crianças é que é divertido tocar! Para pais e professores, que é importante incentivarmos as nossas crianças a explorar e brincar com o instrumento, com a música. Pô-los desde cedo a improvisar e a tocar para um público (mesmo que seja a família em casa), para isso ser algo descomplexado, algo natural.

 

O saxofone é um instrumento que está presente em vários géneros musicais, nomeadamente o jazz. Tem havido um interesse e redescobrimento por este instrumento?

Há cada vez mais pessoas a querer aprender saxofone, sejam crianças que ficam deslumbradas quando ouvem o saxofone, ou adultos que finalmente dão oportunidade a um sonho antigo. Nunca é tarde para aprender e é um instrumento com possibilidades infinitas. Seja para tocar música clássica, jazz, pop, fado…

 

É natural das Caldas da Rainha, sendo que actualmente é professora de saxofone e de orquestra de sopro no Conservatório de Santarém. Como tem sido a ambientação à cidade e que diferenças culturais e musicais tem encontrado?

Ainda estou a conhecer Santarém, mas é inspirador estar rodeada de tanto património. Sinto que a cidade tem ainda muito potencial por explorar, e espero cada vez mais poder contribuir para a sua vida cultural.

 

O que a levou a interessar-se por este instrumento e pela sua sonoridade?

Na verdade, não comecei pelo saxofone. Quando fui aprender música, deram-me uma flauta transversal para as mãos, mas eu não gostei. A minha mãe não me deixou desmotivar e levou-me a outra escola, onde pude experimentar todos os instrumentos musicais que eu quisesse. A experimentação terminou mal toquei no saxofone. Senti “é isto!”. Tinha uns oito anos, e desde então nunca o larguei. Fascinou-me a sonoridade quente e expansiva, e claro, a parte visual, é um instrumento muito bonito.

 

Tem um vasto repertório académico na área da música. Fundou um duo de saxofone e violoncelo, venceu prémios, privou com maestros internacionais e recentemente lançou um livro infantil. Quais são os próximos projectos que tem em mente e pretende desenvolver num futuro próximo?

Os projectos no futuro passarão por retomar o duo de saxofone e violoncelo e criar novas colaborações artísticas. A nível académico, quero continuar a explorar o potencial do jogo didáctico noutras fases de aprendizagem.

 

Se pudesse escolher uma música para descrever a sua vida até ao momento, qual seria?

Nunca tinha pensado nisso! Talvez La Mer, de Claude Debussy.

 

Leia também...

“A ginástica em Portugal tem hoje a força de um sonho concretizado”

Há 50 anos, um grupo de jovens liderado pelo professor Cândido de Azevedo dava os primeiros passos na ginástica de competição em Santarém. Luís…

De Atégina à Imaculada – novo livro de Aurélio Lopes

Aurélio Lopes, doutorado em Antropologia Social, tem devotado boa parte da sua actividade académica a mergulhar nas profundezas das questões em torno do sagrado…

“Um livro permite-nos esquecer tudo por momentos e fazer-nos sonhar”

Natural de Santarém, Daniela Rosário é licenciada em Comunicação Social, possui uma Pós-Graduação em Ciências Documentais e é mestre em Desenvolvimento de Produtos de…

“Quando escrevemos com o coração não há histórias difíceis de se escrever”

“Tudo o Que Sempre Quis” é o título do primeiro livro de Ana Rita Correia, que saiu para as bancas a 13 de Maio…