Inês Alves, natural de Santarém, tem 32 anos. Formou-se em Marketing e Comunicação e integrou, há precisamente 10 anos, a equipa de marketing e comunicação da Adega do Cartaxo. Pelo caminho completou uma pós-graduação em wine marketing. Diz-se uma apreciadora de vinhos, paixão que só descobriu depois de começar a trabalhar na adega cartaxense. Vendo o sector vitivinícola pelo lado de dentro, afirma que é uma actividade em expansão e que tem vindo a ganhar mais importância na economia da região e do país.

Diz-se uma apreciadora de vinhos. Como adquiriu o gosto pelo vinho?

Antes de ter iniciado esta viagem pelo mundo dos vinhos não o sabia apreciar, de todo. Ao iniciar o meu trabalho na Adega, deparei-me com toda uma realidade que desconhecia, desde as castas, aos blends, os estágios, os solos, entre muitas outras.

Fascinou-me de imediato e depois passou por colocar em prática os conhecimentos e fazer várias formações, provas e experimentar vários vinhos, de várias regiões e de vários países. Tornei-me numa apaixonada e grande apreciadora de vinhos.

Saber beber vinho não é só encher o copo e levar à boca. Qual o segredo para saber beber vinho?

Na minha opinião não existe propriamente um segredo, existe sim várias coisas muito importantes a ter em consideração quando se vai beber um vinho, de forma a conseguir tirar o melhor partido possível. Podemos começar pela escolha do vinho que depende muito de situação para situação, se estamos a beber um vinho numa vertente de convívio, neste caso iria optar por um vinho mais elegante e menos gastronómico, se estamos a escolher um vinho para uma refeição, aqui é muito importante harmonizar o vinho certo com o prato que iremos comer de forma a conseguir o casamento perfeito.

Depois temos a escolha do copo, existem vários copos para cada tipo de vinho e é importante usarmos um copo adequado, a temperatura de serviço do vinho é também fundamental para conseguirmos tirar do vinho o melhor que ele tem. E por último o momento e a companhia, toda a envolvência conta e altera a forma como apreciamos e nos sabe um vinho.

Há quanto tempo integra a equipa de marketing da Adega do Cartaxo?

Comecei na Adega em 2013, faço precisamente este mês 10 anos de Adega. Os anos passam, mas a vontade e a paixão pelo que faço mantem-se.

A Adega do Cartaxo, entre outras produtoras de vinho da Região Tejo, tem conquistado vários prémios em concursos nacionais e internacionais. Isto é um sinal do crescimento exponencial que os vinhos do Ribatejo são dos melhores do país?

É com enorme orgulho que posso dizer que a Adega do Cartaxo é a empresa com mais medalhas conquistadas da Região Tejo. Contudo, todas os produtores do Tejo estão de parabéns no que diz respeito à conquista inúmeros prémios a nível nacional e internacional e não há duvida que isso é o reflexo do que se tem feito de melhor na nossa região, que apesar de ainda não ter a notoriedade de outras regiões do país tem feito um grande trabalho para conseguir mostrar o potencial que temos e aquilo que melhor fazemos.

O que distingue os vinhos da Região Tejo dos das outras regiões? Qual é a nossa “marca d’água”?

Em primeiro lugar a centralidade, estando a Região de vinhos do Tejo inserida no coração de Portugal, que por sua vez promove um equilíbrio muito grande a nível de condições edafoclimáticas, fruto das várias influências que sofremos, levando assim à produção de uvas extremamente equilibradas e de grande potencial enológico.

A promoção das marcas é importante para dar a conhecer os produtos ao grande público, ou a qualidade do vinho fala por si só?

O marketing, a comunicação e a promoção são sem dúvida muito importantes para dar a conhecer os produtos, para aumentar a notoriedade das marcas e para conseguir continuar a crescer e chegar mais além, nem eu poderia dizer outra coisa obviamente. Sendo que só uma boa estratégia de marketing a longo prazo não resulta, é fundamental que a qualidade do vinho esteja lá e que se mantenha sempre.

Portanto diria que são complementos. A qualidade é a base, mas depois temos de conseguir dar a conhecer essa qualidade aos consumidores.

Iniciativas como o “Tejo a Copo” são importantes para o desenvolvimento do sector na região?

São, sem dúvida. Este tipo de iniciativas são um óptimo contributo para o desenvolvimento do sector, da região e “o tejo a copo”, em particular, que já vai na 5º edição e é um evento que veio para ficar porque para além de dar oportunidade aos visitantes de provar o melhor que a nossa

Região faz é também uma atracção a nível gastronómico e cultural da capital do distrito de Santarém. A prova disso é que ano após ano a adesão ao evento tem sido maior, com apreciadores de vinho a vir de todo o país e até do estrangeiro.

O que é que os produtores podem aprender numa iniciativa destas?

Para os produtores é mais uma oportunidade de estar em contacto com o público, seja ele restauração ou consumidor final, de mostrar as nossas novidades, de falar sobre os nossos vinhos, de ouvir opiniões e de partilhar experiências.

O sector vitivinícola está saudável e em crescimento ou enfrenta algumas dificuldades, à semelhança de outros sectores agrícolas?

Sim, o sector vitivinícola está saudável e em crescimento e o melhor indicador dessa situação é a reconversão e novas plantações que se fazem todos os anos na Região, tal como a existência ano após ano de novos direitos de plantação.

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