No dia 3 de junho foi inaugurada a 69ª Feira do Ribatejo e 59ª Feira Nacional de Agricultura (FNA) com a presença de Sua Excelência o Sr. Presidente da República.

Como bem impõe a dimensão histórica, a importância presente e o constante desafio para o futuro da maior feira do setor agrícola no nosso país. Santarém volta assim a honrar o passado na organização de um grande certame, o maior que se realiza no concelho.

E lamentavelmente sem que estejam presentes, bem investidos de todos os poderes democráticos, representantes do Governo da República os quais, como se sabe, não foram convidados para esta edição.

Ora, soube-se agora, conforme veiculado pelo próprio em reunião de Câmara, que o Presidente da Câmara Municipal de Santarém, entidade pública que detém 19% do capital social da empresa organizadora da Feira e que é membro do Conselho de Administração daquela entidade, concorda com o facto do Governo não ser convidado para este evento. Naquele que é, precisamente, o maior evento que se realiza em Santarém. E pelos vistos, a Vereação conjunta da Autarquia não considera grave este comportamento, mantendo um silencio quase ensurdecedor.

Não compreendo.

Porque, convenhamos, a CAP pode ter razões para discordar da política do Governo. Ou simplesmente achar que a mesma deveria prosseguir outros objetivos e outro tipo de medidas. É uma posição.

Isto não invalida nem a desresponsabiliza daquilo que escrevi há duas semanas e que reforço: esta atitude do CNEMA, entidade organizadora da Feira Nacional de Agricultura, resulta de um enorme erro de avaliação e de desconsideração institucional, desde logo com um dos seus acionistas, mas mais importante, por quem tem o papel fundamental na administração e governação do país. Goste-se mais ou menos do Partido que o apoia ou das pessoas que o integram.

Mas, a posição da Câmara Municipal de Santarém é para mim mais grave. Porque adota o apoio a uma posição que deve ser exatamente a oposta da que deve ser defendida, nomeadamente por um Presidente de Câmara Municipal – manter sempre abertas as vias de diálogo com o Governo, colocando os interesses do seu Concelho como o principal objetivo da sua ação.

Será que é assim que se defende Santarém? Julgo que não.

E convém recordar que, no passado e ainda bem, os Vereadores do PS e da CDU, no mandato de 2013-2017, do qual fiz parte, votaram contra a alienação do capital social que a Câmara de Santarém detinha no CNEMA e na Escola Profissional Vale do Tejo.

Respeitando e valorizando exatamente o reconhecimento e a importância do papel que a Autarquia deveria assumir nestas duas instituições, mas também para proteção e impedimento da “venda dos anéis” face às dividas com que a Câmara se debatia.

Provavelmente, foi também pelo controlo e exigência que a oposição colocou nesse mandato que ocorreu uma tão considerável redução da dívida da Autarquia.

Sem necessidade de se vender estas participações. Como o tempo veio a demonstrar. Devemos por isso olhar a Feira tendo sempre presente o seu passado e o que levou à sua criação: a afirmação da agricultura, do Ribatejo e de Santarém.

Com uma Autarquia que durante anos foi agente para a solução e para a resolução de problemas.

E isto sem esquecer os anos em que, infelizmente, também foi o agente que tudo fez para a diminuir e afetar, mas felizmente sem sucesso. Ou já se esqueceram de quando a Câmara tentou boicotar e fazer concorrência à Feira Nacional de Agricultura?

Eu não.

Não nos podemos esquecer das origens da Feira. Dos homens que abnegadamente tudo fizeram para erigir este símbolo da Cidade e da Agricultura.

Que permitiram lançar as raízes para que se transformasse na grande feira agrícola do nosso país.

E que sempre mantiveram as Instituições à frente das pessoas.

Viva à Feira! Viva Santarém!

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