A associação Materiais Diversos vai este ano centrar a sua programação regular nos concelhos de Alcanena e Cartaxo no apoio à criação artística e em “atividades formativas, de encontro e de reflexão”.

“Criar tempo e espaço para a participação cultural é a aposta da Materiais Diversos” para a programação que desenvolve nestes dois concelhos do distrito de Santarém, afirma, em comunicado, a associação, que tem direção artística de Elisabete Paiva.

A programação para 2022 aposta num “vasto programa de desenvolvimento de públicos e apoio à criação” como forma de “valorizar as artes enquanto veículo de pensamento sobre o mundo e sobre as questões da atualidade”, acrescenta.

Até maio, no concelho de Alcanena, Marta Tomé e Raquel Senhorinho, da escola O Corpo da Dança, orientam as “Oficinas da Transição”, em turmas do 2.º e do 3.º ciclos, para “aprofundar competências sociais e culturais, abrindo oportunidades para os jovens se aproximarem da prática artística e da cidadania ativa”.

Já a artista Susana Domingos Gaspar, a partir de um “discurso político para crianças”, desenvolvido na década de 1980 por João Paulo Seara Cardoso, e da série “Os Amigos do Gaspar”, tem estado a orientar oficinas nas escolas do 1.º ciclo de Malhou e de Vila Moreira, inseridas na pesquisa para a sua nova criação “As Amigas da Gaspar”, focada “na transmissão e preservação de valores como empatia e solidariedade”, espetáculo que será apresentado a 22 de junho no Cineteatro São Pedro, em Alcanena.

O espetáculo “O Estado do Mundo (Quando Acordas)”, da companhia Formiga Atómica, uma coprodução da Materiais Diversos, com tradução para Língua Gestual Portuguesa, vai ser apresentado dia 26 de maio, no Cineteatro São Pedro.

O espetáculo “explora a relação de causa-efeito entre pequenos gestos e grandes consequências”, com recurso a utensílios domésticos e bens essenciais do dia-a-dia, “eles próprios responsáveis pelas alterações climáticas”, sublinhando “uma ideia de paradoxo” entre o que se defende e a incapacidade de abdicar de comportamentos do quotidiano, refere a Materiais Diversos.

Em junho e julho, as freguesias de Covão do Coelho, Gouxaria e Espinheiro recebem “Os Encontros que Contam”, um ciclo de sessões que visam “conhecer e valorizar o património da tradição oral”, numa atividade realizada em colaboração com António Fontinha, os Ranchos Folclóricos de Gouxaria e de Covão do Coelho e a Casa do Povo do Espinheiro.

A escola de verão que a Materiais Diversos organiza com o Centro de Estudos de Teatro, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, “Na Prática”, regressa, de 05 a 09 de julho, ao Centro Ciência Viva do Alviela, com estudantes, artistas e investigadores, numa edição focada nas práticas de criação coletivas e com as participações de auéééu, Cristina Planas Leitão, Gustavo Vicente e Rui Pina Coelho.

O projeto “Ver no Escuro”, destinado a “construir uma comunidade de espetadores da região”, terá quatro sessões ao longo do ano, num convite “para ver e conversar” sobre espetáculos apresentados no Cineteatro São Pedro, numa partilha com artistas e convidados após os espetáculos.

Em setembro, no âmbito do apoio à criação, o Cineteatro S. Pedro receberá as residências da coreógrafa Cristina Planas Leitão, com o projeto “O Sistema”, e do coletivo auéééu, com o projeto “S/título #8”, com Fernando Roussado.

Já no Cartaxo, a programação regular da Materiais Diversos vai procurar responder a algumas das expectativas manifestadas pelos jovens (dos 14 aos 25 anos) que participaram no projeto “Paraíso Bruto”, realizando duas formações com artistas nas áreas da ‘street art’ e da música.

Tal como em Alcanena, também o Centro Cultural do Cartaxo acolherá residências artísticas, neste caso de Sofia Dinger & Miguel Bonneville, em abril, para desenvolver “O Primeiro Sol”, e de Lígia Soares, em novembro, com o projeto “A Minha Vitória como Ginasta de Alta Competição”. Todas as residências culminam com uma apresentação informal.

No âmbito da iniciativa “Materiais Acessíveis”, cumprindo o princípio de que “o acesso à participação cultural é um direito de todas as pessoas”, a “programação acessível” da Materiais Diversos inclui oficinas, espetáculos, debates e outras atividades, ao mesmo tempo que “consolida uma rede local de parceiros que permite informar e mobilizar as pessoas com deficiência e S/surdos para a participação cultural”.

O projeto “O Tempo das Cerejas” surge como transversal aos dois territórios, oferecendo “um espaço de reflexão sobre temas contemporâneos”, que, depois do formato de ensaios escritos e visuais (2020) e de ‘podcast’ (2021), decorre este ano com “conversas públicas”, em espaços culturais dos dois concelhos, que serão depois partilhadas online.

A partir do livro de Ana Pais “Quem tem medo das emoções?”, em cada uma das conversas serão lançadas as perguntas “Quem tem medo das diferenças?, Quem tem medo das mudanças?, Quem tem medo de coletivos? e Quem tem medo das emoções?”.

A Materiais Diversos realça que estas temáticas, “que interpelam a debater temas fraturantes nos dias de hoje não só a nível social e político, mas também do ponto de vista da relação entre ação e discurso (…), refletem vários dos projetos do Programa Regular, desde oficinas com jovens às criações de artistas que a estrutura apoia em 2022”.

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