Uma piscina que faz ondas, com uma área de 490 metros quadrados e dois metros de profundidade máxima, é a grande atracção do Complexo Aquático de Santarém, para além dos escorregas.

Este ano, a empresa municipal Viver Santarém fez um investimento avultado, dotando o Parque de dois novos escorregas e equipamentos nos chapinheiros, que prometem fazer as delícias de miúdos e graúdos na época balnear que arranca já no próximo dia 27.

Carlos Coutinho, presidente do conselho de administração da empresa, antevê uma época balnear em cheio, sendo que, diariamente, o Complexo regista uma afluência média de entre 1500 a 2000 pessoas.

Dotado com um relvado de cerca de uma centena de colmos, bar com esplanada, restaurante e uma zona de espreguiçadeiras, jacuzzi, dois jogos de água, uma cascata, piscina de ondas, escorregas, uma piscina para crianças e um chapinheiro para bebés, o Parque Aquático de Santarém continua a ser uma alternativa segura para quem quer trocar a praia por um equipamento que disponibiliza momentos de diversão.

O que se pode esperar desta época balnear? Que serviços são oferecidos às pessoas que frequentam este Parque Aquático e que melhorias foram introduzidas este ano?

Este ano, fizemos uma intervenção de fundo neste Complexo, como há muito não era feita. Realizámos uma manutenção mais profunda do espaço, no sentido de criar melhores condições de segurança para todos, e também ao nível da circulação das pessoas. Foi levantado todo o piso envolvente para nivelar tudo. Colocamos azulejos num dos chapinheiros para crianças até cinco anos. E o aspecto mais fundamental foi preparar a recepção de dois novos escorregas. Temos tudo pronto para que estes equipamentos possam ser montados.

A intenção é que o Complexo pudesse já abrir com esta nova oferta, mas os prazos de entregas destes materiais, que não existem em Portugal, foram estendidos.

Contudo, contamos montar os escorregas, mesmo com a época balnear já aberta e sem que isso implique qualquer transtorno para os utilizadores.

Tivemos que adaptar todo o espaço exterior para a colocação desses novos escorregas. Vamos colocar, também, três novos equipamentos no chapinheiro, apropriados para as crianças, para que estas possam interagir com eles.

Nos tínhamos uma lacuna nos equipamentos do Parque: os escorregas só podiam ser utilizados por crianças a partir do metro e vinte, e os equipamentos que vamos colocar agora são para colmatar esse ‘défice’ ao nível da diversão para crianças mais pequenas.

O que temos neste momento é um plano de investimentos anual e entendemos que este seria o ano para apostar mais nesta faixa etária, entre os 5 e os 10 anos. Para o ano que vem, o investimento será outro, para outras idades (e altura). Isto é um investimento que se prevê para três anos, aumentando a oferta de equipamentos no parque.

Este ano, colocamos estes dois escorregas adicionais e damos uma nova dinâmica no chapinheiro, e para o ano queremos criar condições para conseguir investir na colocação de mais equipamentos para os adolescentes.

O Complexo Aquático tem, realmente, várias actividades no seu espaço: de forma integrada, temos vários planos de água, com a possibilidade de experimentar a piscina de ondas, um ex-líbris deste equipamento. Temos escorregas, planos de água mais dedicados às crianças. Em suma, todas as diversões e condições para um dia em família. Tínhamos um projecto pensado para aumentar os planos de água, mas não foi possível para este ano. Mas esperamos ter tudo pronto no próximo.

Queremos aumentar a oferta de divertimentos, de equipamentos que podem ser usados. Mantemos todo o conforto para as famílias. Temos um dispositivo de segurança aprovado pelo Instituto de Socorros a Náufragos, com um conjunto de nadadores salvadores altamente profissionais que garantem segurança na utilização deste equipamento.

Ou seja, as espectativas são altas para esta época balnear?

Nós temos sempre espectativas altas. Temos sentido, nestes pós-pandemia, que tivemos uma resposta muito positiva, sendo que, no ano passado, tivemos a maior receita de sempre deste Parque.

Queremos ter aqui um equilíbrio entre a capacidade de gerar receita, que é importante para a Viver Santarém para poder investir depois na manutenção das outras infra-estruturas desportivas. Explorar o parque da melhor forma para que haja sempre libertação de verbas para a diminuição da dependência financeira do accionista e para alavancar o investimento no Parque e todas as acções que desenvolvemos.

O parque faz agora 20 anos, em que os escorregas existentes nunca tinham tido uma melhoria e é importante criar sempre dinâmicas diferentes de ano para ano para que esta infra-estrutura continue a ser procurada.

É, como se sabe, um Parque procurado por todos os concelhos limítrofes, Lisboa, Leiria, entre outros.

Em termos da estratégia da empresa municipal Viver Santarém, qual é a importância desta infra-estrutura? Qual é o peso deste complexo nas contas da Viver Santarém?

O Parque, do ponto de vista da receita, é o activo mais importante que temos. Ter o Complexo Aquático faz com que o Município tenha um menor esforço no orçamento naquilo que é o financiamento da manutenção e da gestão das instalações desportivas. Quanto melhor fizermos a rentabilização do Parque e dos negócios que temos para explorar, melhor vamos conseguir cuidar daquilo que é o património desportivo e menor será o esforço financeiro que a autarquia terá de fazer no seu orçamento. A importância do Parque é, por isso, muito grande: vimos isso nos dois anos em que a lotação esteve limitada como consequência da Pandemia de Covid-19. Notou-se muito nas contas, apesar da gestão muito assertiva que foi feita. Diria, em suma, que este é um activo determinante para o sucesso da gestão da empresa. Queremos manter a aposta no investimento, na criação de novas atractividades, captação de novos públicos, aumentando também a lotação, e aumentando, subsequentemente, a capacidade de gerar receita no Parque em anos futuros.

Está prevista alguma iniciativa para aproveitar o fluxo de visitação do complexo aquático para a cidade?

Temos algumas parcerias, seja com unidades hoteleiras, ou empresas de transportes, entre outras, mas, na realidade, quando as pessoas vêm ao Parque é mesmo para virem ao Parque, disfrutarem de um dia de lazer. É difícil tirar as pessoas daqui para irem visitar outros locais. O que fazemos é, com a comunicação que temos, promover o concelho. Estando o Parque na periferia da cidade, promovemos as outras coisas que ela tem para oferecer, nomeadamente a gastronomia, a sua monumentalidade e outros aspectos ligados à cultura e ao lazer. Isto para fazer com que, quando as pessoas visitam o Parque, fiquem a conhecer algo mais e se interessem pela riqueza de Santarém.

Claro que temos sempre a possibilidade de as pessoas poderem sair e voltar a entrar. Agora, o que notamos é que as pessoas quando vêm ao Parque é para passar aqui o dia.

Nós conseguimos atrair ao Complexo Aquático de Santarém um conjunto de públicos de variadíssimos lugares do território.

Há um posicionamento muito interessante do Parque Aquático no que concerne, também, áquilo que é a imagem, ou a promoção, do concelho e da marca Santarém, como nome. Muitas pessoas conhecem Santarém pelo Parque Aquático e nós, por isso, associamos o Parque à cidade: temos vindo a promover, por exemplo, o património e os monumentos da cidade com outdoors nas fachadas deste equipamento. Como é sabido, conseguimos atrair muita gente de fora o concelho.

Temos uma média de entre 1500 a 2000 pessoas por dia, nos meses de Julho e Agosto e uma percentagem significativa desse total de visitas é de fora do concelho.

E é por isso que pretendemos promover ainda mais a cidade, associado áquilo que é a visita ao Parque propriamente dita.

Em 2023, a empresa tem um orçamento a rondar os 3,2 milhões de euros, foi de 2,6 milhões no ano anterior. O que esteve na base deste aumento?

Aquilo que se perspectivava, em termos de elaboração de orçamento, era um aumento muito substancial da energia, o que, felizmente, não se tem verificado, porque nós tivemos a capacidade de ter vindo a desenvolver contractos de fornecimento com preços indexados, seja na energia eléctrica, seja no gás, o que nos permitiu uma poupança substancial. Conseguimos, assim, libertar verbas para melhoria das instalações, fruto de uma gestão rigorosa.

A empresa pratica – na sua acção, naquilo que promove, naquilo que faz – preços sociais. E estamos a falar no aluguer das instalações desportivas, na escola municipal de natação. O parque aquático, neste aspecto sai fora deste âmbito, embora tenhamos preços especiais para algumas instituições, e entra numa logica de mercado.

Mas, em todas as outras instalações, o praticado é o preço social, valor esse abaixo do custo que seria o custo normal se fosse reflectido tudo o que custa aquele serviço ao cliente. Isto cria, naturalmente, um défice de exploração. Este défice deve ser assumido pelo accionista, que determina qual é o preço social a cobrar pelos serviços que vamos prestar. O que fazemos, em termos de disponibilização a preços sociais dos equipamentos, tem que ser recompensado, pelo défice de exploração e o accionista compensa através de contrato-programa a diferença entre o custo real e preço social cobrado.

Podendo gerir o Parque nesta dinâmica, e obviamente fazendo com que a receita seja superior aquilo que é a despesa do Complexo, vamos conseguir numa repartição do valor que é dado como positivo, sendo distribuído pelos outros centros de custos para diminuir o peso do esforço financeiro que a autarquia tem que fazer para a manutenção de todos os outros equipamentos.

Temos estas piscinas [do Complexo Aquático], as do Sacapeito, sete pavilhões desportivos, campos de futebol e rugby, polidesportivos e estamos a tentar iniciar um processo de recuperação de algumas zonas de ciclovia: tudo isto tem que ser suportado na diferença entre aquilo que cobramos e aquilo que custa manter estas instalações.

Ora, com esta força de exploração no Complexo Aquático de Santarém, diminuímos o esforço que o Município tem que fazer no seu orçamento para a manutenção de todas estas estruturas.

É um homem ligado ao desporto, como olha para o panorama da prática desportiva no concelho?

Nós queremos que Santarém se torne um dos concelhos mais activos do país. Para isso, temos que apoiar o trabalho desenvolvido pelos clubes e, cada vez, é mais complicado termos pessoas ligadas ao associativismo, que, de forma totalmente descomprometida, se entregam as causas e que desenvolvem um conjunto de actividades de ocupação dos tempos livres dos jovens, da promoção do desporto e da condição física. Paralelamente a tudo o que tem sido desenvolvido pelos clubes, a Viver ‘Santarém tem vindo também a desenvolver um conjunto de projectos e acções que vão muito no sentido da promoção da prática do desporto. Como é o caso do projecto Viva Saúde + Sénior. Este programa, desenvolvido na cidade e em 16 das 18 freguesias, abrange já um universo de quase 500 utentes e pretendemos alargar o seu âmbito para dois dias por semana em vez de um, já a partir de Setembro.

Destinado à população sénior do concelho de Santarém, o Viva Saúde + Sénior tem como principais objectivos criar hábitos de actividade física e desportiva contínua, promovendo hábitos de vida saudáveis.

Pretende ainda contribuir para uma vida mais independente dos seniores, com a convicção de que não existe idade para começar a ser activamente mais saudável diminuindo o isolamento nas freguesias rurais. Este programa pretende, pois, manter um trabalho diferenciado e adaptado às necessidades da população de cada freguesia com aulas presenciais, trabalho com autonomia e avaliações periódicas.

Por outro lado, temos o projecto do Toca a Nadar, que é uma mais-valia na promoção de oportunidades iguais para todas as crianças do concelho. Todas as crianças do primeiro ciclo passam a vir à piscina: este ano, tivemos envolvidas 1100 crianças oriundas de 33 escolas. Para o ano, queremos alargar praticamente para o dobro esta oferta, que é de participação gratuita, totalmente suportada pelo município. Este projecto pretende dar a oportunidade a todas as crianças do 3° e 4° anos do 1 ° ciclo do Ensino Básico do Concelho de Santarém de experienciar actividades em meio aquático, contribuindo não só para o seu desenvolvimento cognitivo e motor, mas principalmente alertar a população para o risco de afogamento, oferecendo um leque de experiências em meio aquático.

Este projecto, além de dar oportunidade às crianças de experienciarem diversas actividades em meio aquático (Adaptação ao Meio Aquático, Natação Artística, Pólo Aquático e jogos recreativos), pretende promover a autonomia das crianças e também captar novos alunos para a EMNS.

Em suma: fazemos tudo o que está ao nosso alcance para promover o desporto e actividade física, para conseguir que as pessoas tenham, cada vez mais, um estilo de vida activo. Estamos, no fundo, a promover os índices de felicidade, e sabemos que o desporto traz felicidade. Tudo o que possamos fazer, seja com a criação de novos espaços para que os clubes e associações desportivas possam ter mais condições de trabalho, seja na manutenção e investimento nas instalações existentes para que tenham condições de trabalho com qualidade, com certeza, faremos.

Sem o apoio financeiro das autarquias, o desporto não sobreviveria em Portugal. Concorda?

Os clubes têm que procurar as suas fontes de receita, os pais também devem contribuir, mas o trabalho que os clubes fazem é um direito constitucional, substituindo-se ao Estado. É, pois, de extrema importância o apoio das autarquias ao desporto. E tudo isto é dispendioso, seja nas inscrições, nos transportes, nos equipamentos, etc., cada vez queremos ter técnicos com mais formação, mais competências, tudo isto tem custos elevados.

O que observamos é que – e o feedback que temos dos clubes, relativamente às candidaturas que fazem aos apoios municipais diz-nos isso mesmo – é que hoje temos mais do dobro dos praticantes desportivos que tínhamos há 10 anos atrás.

Isto é muito importante, é um dado muito relevante, não só naquilo que é uma aposta clara na ocupação dos tempos livres dos jovens, como também naquilo que é a capacidade de comunicar que Santarém é um concelho com qualidade de vida, que oferece condições de excelência para se viver.

Os clubes, com o seu trabalho, com a aposta clara do aumento de oferta das modalidades, na dinâmica que demonstram, obviamente impulsionada pelo Município, têm feito um trabalho extraordinário.

Foi anunciado recentemente o projecto da nova Academia de Futebol de Santarém, a construir na Quinta do Rolim, junto ao Complexo Aquático, que terá dois campos de futebol (F11 e F9), bancadas (uma coberta com 904 lugares e outra descoberta com 76 lugares), balneários, áreas de apoio e zona de estacionamento. O que significa para o concelho este equipamento?

Encontrou-se um local, a meu ver, apropriado, de forma a tornar esta zona numa cidade desportiva, agregando uma quantidade de estruturas, próximas, o que facilita muito a sua gestão.

Através da Associação de Futebol de Santarém, com o financiamento da Federação Portuguesa de Futebol, inicia-se a primeira fase da construção dessa cidade depositava, e essa primeira fase enquadrava-se no projecto da Associação de Futebol de Santarém, e a CMS conseguiu levar a bom porto essa parceria que se vai concretizar.

A Câmara teve a capacidade de negociar os terrenos, é um grande passo para Santarém. Este projecto vem resolver os problemas da cidade ao nível daquilo que são as instalações desportivas para os próximos anos.

É um projecto estruturante. O masterplan da cidade desportiva é ambicioso, mas possível de realizar.

Santarém vai ficar com óptimas condições para o desenvolvimento desportivo, seja pela cidade desportiva, seja por todos os investimentos feitos na cidade e freguesias.

Há todo um conjunto de projectos que, não podendo ser construídos todos ao mesmo tempo, irão trazer benefícios claros para a região.

Filipe Mendes

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