O principal desafio do jornalismo e das empresas de comunicação social é o da transição digital. A emergência deste tema leva-nos a olhar para o modo como as pessoas passaram a consumir informação. Se, por um lado, as redes sociais ocupam um largo espectro informativo, por outro lado, as pessoas consultam as páginas eletrónicas dos jornais (alguns gratuitos) e leem apenas o que lhes interessa.
Este novo paradigma dietético está a levar as pessoas a desabituarem-se de comprar o jornal em formato papel e alavanca a inevitável transferência de uma grande fatia de publicidade para os gigantes tecnológicos como a Google ou o Facebook. Importa no entanto percebermos que a partir do momento em que qualquer um de nós passa a publicar o que quer se seja na internet, deixamos de saber se o que lemos é verdade ou é mentira e, como todos nós sabemos (ou deveríamos saber), existem sites especificamente criados para desinformar, dar falsas notícias e denegrir a imagem e a credibilidade de algumas pessoas e empresas e até mesmo de partidos políticos. Vivemos no epicentro do “imediato” onde a guerra das tiragens e das audiências está ao rubro, não porque as empresas, os jornalistas ou os editores queiram ganhar muito dinheiro mas porque dar a notícia em primeira mão é uma prioridade. Dar a “cacha jornalística” passou a ser erroneamente o ponto de partida de muitos jornais, rádios e televisões.
Se, no passado, o acesso à informação era feito através da rádio e da televisão, cada uma à sua velocidade, com os jornais a publicarem as coisas no dia seguinte, presentemente, basta-nos aceder a um computador para tomarmos conhecimento da “última hora”. A pressa em informar e em saber o que se passa no mundo tem como consequência a febre da competição e a celeridade em ser o primeiro a dar a notícia, mesmo que isso implique a ausência de análise e da sua confirmação. Por isso, raras não são as vezes em que muita comunicação social está num dia a colocar-nos perante imagens de exagerada violência e, no dia seguinte, como forma de redenção, a discutir com psicólogos, em pleno horário nobre, as consequências da sua exibição. Vivemos num mundo de pernas para o ar onde importa pararmos para refletirmos na qualidade da informação que queremos bem como nas marcas de informação em que vale a pena confiar e apostar. Todos sabemos que no Correio do Ribatejo, a rapidez em dar a notícia não se sobrepõe ao seu rigor.
Há 129 anos, quando João Arruda fundou o Jornal “Correio da Extremadura”, cedo percebeu que no jornalismo existe uma caixa fechada com um teto à qual chamamos factos, onde é preciso ouvir todas as partes; onde existem regras e limites. Seguem-lhe os passos a atual direção do Correio do Ribatejo, a sua redação e a sua multimédia, os seus colunistas e os seus colaboradores, entre tantos outros. Conduzidos pela ética e por tudo aquilo que há de melhor em cada um de nós, o Correio do Ribatejo tem sido escrito, semanalmente, pela mão de homens e de mulheres, cheios de dúvidas e de poucas certezas mas que carregam na sua consciência uma das mais nobre missões: a singular procura da verdade para o informar a si, caro leitor. Na hora da verdade é na verdade que confiamos. Esta é a bandeira empunhada pela direção deste nosso Correio do Ribatejo e cabe-nos a todos agitá-la vigorosamente, saudando e brindando às suas 129 velas para que continue, semana a semana, a chegar-nos a casa. Já provámos ser de confiança e, por isso, não só julgamos merecer a sua assinatura como também lhe ficamos muito gratos por isso.
Vivemos tempos extraordinários e que dificilmente esqueceremos. Tempos em que o coração dos próprios jornalistas chora com as notícias que escrevem. Tempos em que distância nos leva a meditar na importância em oferecermos nesta Páscoa uma assinatura do Correio do Ribatejo a quem nos merece a estima e a consideração. Regressarmos às raízes e oferecermos uma assinatura do Correio do Ribatejo, é ficarmos do lado de Fora da Caixa…
Pedro J. E. Santos, Estudante de Medicina na FMUL