Uma ruptura num talude de uma lagoa que recolhe os lixiviados do aterro da Resitejo, na Chamusca, provocou escorrências numa linha de água e em terrenos agrícolas, estando a ser avaliados os impactos ambientais.
Paulo Queimado, presidente da Câmara da Chamusca e do conselho de administração da Resitejo, disse hoje à Lusa que a ruptura foi descoberta cerca das 08h00 do passado dia 08, estimando-se que o lixiviado tenha escorrido durante mais de uma hora.
Segundo o autarca, o incidente foi de imediato comunicado ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), que estiveram no local, tendo a Resitejo contactado ainda um laboratório para recolha de análises às águas e terrenos que podem ter sido contaminados e cujos resultados espera divulgar na próxima reunião da Comissão de Acompanhamento do Ecoparque do Relvão.
A situação mereceu uma pergunta ao Governo entregue hoje no parlamento pela deputada do Bloco de Esquerda eleita pelo distrito de Santarém, Fabíola Cardoso, e pelo deputado Nelson Peralta, os quais questionam o Ministério do Ambiente sobre as conclusões das acções inspectivas realizadas e o apuramento de responsabilidades pelo ocorrido.
Os deputados perguntam ainda que medidas, e quando, vão ser tomadas para resolver os problemas de armazenamento e tratamento de lixiviados no Eco Parque do Relvão e impedir que ocorram situações semelhantes no futuro.
Paulo Queimado disse à Lusa que existe uma dificuldade a nível nacional para tratar os lixiviados, declarando que foi aberto um concurso para tratamento de mil toneladas de lixiviado, mas os processos que estão disponíveis propõem preços “incomportáveis”, duas a três vezes superiores ao normal.
Segundo o autarca, a Resitejo dispõe de três lagoas mais uma criada provisoriamente, que, com a chuva registada este Inverno, esgotaram a sua capacidade, recorrendo ainda ao sistema da Ecodeal (um dos dois centros de tratamento de resíduos perigosos existentes no Ecoparque do Relvão).
O facto de estarem a quase 100% levou a que fossem erguidos, “a título preventivo”, taludes de terra em volta das lagoas e criadas equipas que verificam a situação de duas em duas horas, disse, adiantando que foi uma dessas equipas que detectou a ruptura.
Paulo Queimado afirmou que o plano de investimentos da Resitejo não prevê aumentar o número de lagoas, apostando no tratamento, tendo inscritos mais de 500.000 euros para a melhoria do sistema de drenagem e de recolha de águas residuais.
O sistema dispõe de um tratamento por osmose inversa, cujas águas originam o curso de água agora afectado e que desagua no meio de campos agrícolas, estando a ser estudada com a Administração da Região Hidrográfica do Tejo a reposição da ligação original da linha de água ao Tejo, disse.
O autarca disse que, na sequência da escorrência, foram recebidas queixas de proprietários agrícolas quanto à cor da água que inundou os seus campos e por alguns animais terem tido episódios de diarreia, tendo sido solicitado relatórios aos veterinários para verificação se esta foi a causa directa.
Assim que a ruptura foi detectada foi erguida uma barreira de contenção, tendo as terras usadas nessa barreira sido depois levadas para aterro por estarem contaminadas, adiantou.
A Resitejo gere e trata os resíduos sólidos urbanos produzidos em 10 municípios do distrito de Santarém – Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova de Barquinha.