O presidente da Câmara de Rio Maior disse lamentar o regresso a medidas mais restritivas do confinamento, mas declarou-se confiante na evolução favorável no número de contágios de covid-19 que se vem registando nos últimos dias no concelho.

Luís Filipe Santana Dias (PSD) reagia ao anúncio feito hoje pelo primeiro-ministro, António Costa, de que Rio Maior é um dos quatro concelhos que vão regressar na segunda-feira às regras que vigoravam no continente português antes da actual fase de desconfinamento, devido à evolução da pandemia covid-19.

“Infelizmente vamos recuar às mesmas condições que tivemos do dia 15 de março ao dia 05 de Abril”, disse o autarca, salientando que as autoridades de saúde têm feito, nos últimos 15 dias, “um trabalho muito forte em termos de testagem”, com a realização de milhares de testes na comunidade e nas grandes empresas do concelho, sendo o número de casos detectados residual.

Com uma população de 20.360 habitantes, o concelho de Rio Maior, tem hoje 33 casos activos, menos 17 que há cerca de duas semanas, mas continua a apresentar mais de 240 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, o que levou a que fosse incluído nos municípios de maior risco.

Contudo, o autarca afirmou que, se nos próximos 14 dias baixar para os 24 casos, ficará acima de 120 por 100.000 habitantes.

“A situação está a evoluir favoravelmente, mas não nos serve, porque o concelho vai voltar a ter medidas mais restritivas, o que nenhum cidadão, e nenhum autarca em particular, pode receber com agrado”, declarou.

Santana Dias considerou contraditório que o concelho volte a encerrar a economia, mas que, não só mantenha abertas as escolas que retomaram as aulas no passado dia 05, como permita que na próxima segunda-feira milhares de alunos dos ensinos secundário e superior retomem as actividades lectivas presenciais.

“Se do ponto vista pedagógico consigo concordar 100% com isto, do ponto de vista da contenção da pandemia tenho algumas dúvidas”, disse, referindo a elevada transmissibilidade entre os jovens da variante britânica do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, tornando as escolas em potenciais focos de transmissão da doença.

Filipe Santana Dias referiu que, tal como ficou acertado na reunião realizada no passado dia 06 de Abril com o primeiro-ministro, houve um reforço do policiamento, para evitar concentrações de pessoas.

Por outro lado, em milhares de testes realizados os novos casos positivos “são residuais”.

“O espelho real da pandemia ao ponto de hoje é-nos favorável. Acredito que daqui por 15 dias estaremos, não neste grupo que mantém as restrições, mas naquele que passará a uma nova fase”, disse.

No agravamento da situação esteve um surto detectado numa panificadora, com cerca de 40 casos, a que se juntou, há cerca de duas semanas, um pequeno surto de sete casos numa creche.

Segundo o autarca, em cerca de 600 testes realizados para rastrear eventuais contágios decorrentes do surto na creche foram residuais os que deram resultado positivo.

Além de Rio Maior, António Costa anunciou que também os concelhos de Moura, Odemira e Portimão, igualmente com uma incidência de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, regressam às medidas restritivas que estavam em vigor na fase 1 do desconfinamento.

Assim, a partir de segunda-feira encerram ginásios, museus, galerias de artes e espaços semelhantes e esplanadas, enquanto as lojas entretanto abertas voltam a poder funcionar apenas com venda ao postigo.

António Costa afirmou que será proibida, todos os dias da semana, a circulação interconcelhia “e, portanto, as pessoas têm o dever de se manter no seu concelho, com as excepções que são conhecidas, em particular a necessidade de terem de ir trabalhar ou de dar apoio a qualquer familiar”.

No entanto, as escolas continuam a funcionar presencialmente e também voltam ao ensino presencial os alunos do ensino secundário e do ensino superior – como no resto do continente português -, porque as “medidas relativas ao sistema educativo serão sempre medidas de âmbito nacional”, adiantou.

Além das escolas do pré-escolar ao secundário, Rio Maior tem uma escola profissional e a Escola Superior de Desporto do Instituto Politécnico de Santarém.

Outros sete concelhos não vão passar à fase seguinte do desconfinamento que se inicia na próxima segunda-feira, por terem “duas avaliações sucessivas em situação de risco”, com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, mantendo as restrições actualmente em vigor: Alandroal, Albufeira, Beja, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela.

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