Salvaterra de Magos – Domingo, 11 de Maio, às 17 horas – Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: Marcos Bastinhas, João Ribeiro Telles e Francisco Palha; Forcados Amadores de Coruche e de Alcochete, capitaneados, respectivamente, por João Prates e António José Cardoso; Concurso de Ganadarias: Manuel Veiga (500 Kgs), Vale do Sorraia (550 Kgs), Conde de Murça (500 Kgs), Ribeiro Telles (530 Kgs), Foro do Almeida (535 Kgs) e Prudêncio (530 Kgs). Director de Corrida: Manuel Gama; Médico Veterinário: Dr. João Pedro Candeias; Entrada de Público: ¾ da Lotação; Tempo: Agradável. No intervalo da corrida foi homenageado o Sr. José Costa.
Em tarde amena, a espaços até ensolarada, decorreu a Corrida do Tomate, com um cartel interessante e o atractivo do concurso de ganadarias. O Júri não terá tido muita dificuldade em nomear o prémio de Bravura, posto que a bravura andou muito arredia das reses lidadas, no entanto quanto à apresentação o escrutínio já teve de ser mais apertado, porque em regra os toiros estavam bem-apresentados. O Júri, constituído pelo Dr. Vasco Lucas, por Miguel Matias e por José Luís Gomes, atribuiu o Prémio de Bravura ao toiro de Manuel Veiga, e o Prémio de Apresentação ao toiro de Ribeiro Telles.
Marcos Bastinhas é um toureiro com elevados recursos técnicos e artísticos, cultivando um estilo na linha paterna, o que é respeitável, mas que nem sempre se coaduna com a qualidade das reses que lhe cabe lidar. O tipo de toureio formatado nos treinos, e para o que estão preparadas as suas montadas, nem sempre resulta da mesma forma na arena. Para a lide do primeiro oponente, um toiro que serviu muito bem, Bastinhas utilizou quatro montadas, o que parece excessivo, mas, enfim…. Lidou num andamento menos repousado do que o que seria desejável, colocou a ferragem em sortes algo aliviadas e até dispensávamos alguns tremendismos, pouco compagináveis com o estilo marialva. Do mal o menos, apesar de tudo, porque cada toureiro perfilha o estilo que mais lhe agrada. No segundo toiro do seu lote, menos colaborante, Marcos Bastinhas andou em plano de dignidade, cravando a ferragem em sortes frontais e culminou a sua actuação com um palmito e um par e meio de bandarilhas, com pouco interesse. Deu volta no primeiro e, injustificadamente, deu duas voltas no segundo…
João Ribeiro Telles teve pouca sorte com o lote que lhe tocou. Mercê dos bastos recursos técnicos que todos lhe reconhecemos logrou solver as dificuldades com que se debateu, porém muito longe de alcançar o brilhantismo habitual. Privilegiou as sortes frontais, indo recto à cara do toiro, que nem sempre resultaram, consentindo alguns toques na montada ou colocando a ferragem em sortes menos justas. Os toiros que lidou andavam muito distraídos, especialmente o segundo, o que nem sempre permitiu o desenho das sortes com a trajectória ideal, mas João Ribeiro Telles acabou por estar em plano superior aos seus oponentes. Deu volta no primeiro, e no segundo, apesar de autorizada pelo Director, ficou-se em tábuas, e muito bem!
Francisco Palha é na actualidade um dos cavaleiros mais competitivos que pisam as nossas arenas. Vai sempre para triunfar, fiel a um estilo arrojado, em que dá todas as vantagens aos toiros, citando-os de largo, de muito largo, para tentar cravar a ferragem em sortes plenas de verdade e de emoção. Mas, quando os toiros não têm essa distância, as coisas não podem resultar da mesma maneira. Citar de poder a poder toiros que estão sempre distraídos a olhar para o público e que mudam de terrenos enquanto o cavaleiro vai para o outro extremo da arena para o citar, não dá, torna-se enfadonho e reduz o ritmo das lides. Este é um equívoco muito frequente em bons toureiros, mas que querem tourear todos os toiros da mesma maneira, o que não dá, como todos sabemos. Como sempre, Palha andou digno, teve bons pormenores, mas no cômputo geral as lides foram sensaboronas. Deu volta após a lide dos dois toiros.
Para as pegas estavam em praça dois valorosos Grupo de Forcados que deram boa conta do recado.
Pelos Amadores de Coruche foram solistas João Prates, o Cabo, que consumou pega fácil ao primeiro intento, Afonso Freitas, que igualmente consumou a sua sorte numa única tentativa, e Frederico Pinto, que também pegou o toiro numa única tentativa, a qual, porém foi injustamente contestada pelo público, alegando que o forcado nem sempre esteve na cara do toiro, pelo que a sorte deveria ser repetida, aspecto de que discordamos, porque sendo verdade que forcado foi despejado na viagem, nunca perdeu a cara ao toiro e recuperou sozinho sem que alguém o encaixasse na córnea.
Pelos Amadores de Alcochete, foram solistas Vítor Marques, que concretizou rija pega à segunda tentativa, e Afonso Capricho e João Dinis, que consumaram boas pegas ao primeiro intento.
Direcção correcta e atenta, talvez um pouco benevolente na concessão de música, e intervenções adequadas dos peões de brega.