A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou hoje a empreitada de beneficiação da estrada nacional 362, em Santarém, obra de 3,3 milhões de euros que “não satisfaz” o município.
“Não somos pessoas ingratas, mas sei que falo em nome de todos os autarcas e da população do norte do concelho quando digo que é manifestamente insuficiente”, disse o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves.
Para o autarca, a reposição de pavimento, “não vai ao encontro dos interesses” do município, pois não prevê a almejada correcção do traçado de uma estrada sinuosa que torna morosa a ligação do norte do concelho, onde estão instaladas indústrias “altamente” exportadoras, a Santarém.
“Nenhum Governo percebeu até hoje que esta zona pode ser alavancada com a correcção do traçado”, disse Ricardo Gonçalves, recordando que, anualmente, 12.000 camiões saem das pedreiras da região com pedra que é exportada, “em 80% a 90%, para a China, a Europa, os Estados Unidos da América”, além da existência de importantes indústrias de curtumes (que vendem peles para empresas de alta costura internacionais) e de mobiliário.
Ricardo Gonçalves saudou o facto de a IP ter aceitado realizar a cerimónia de lançamento da empreitada de beneficiação da EN362 na sede da Junta de Freguesia de Alcanede, esperando que o contacto com o “ecossistema económico” ajude a perceber como o tecido empresarial da região “pode crescer exponencialmente se existirem vias de acesso com condições”.
Por outro lado, apontou o impacto deste acesso na própria economia de Santarém, já que a cidade acaba por não beneficiar do poder de compra gerado naquela zona do concelho.
Estimando que o custo global da correção da EN362 se situaria nos oito a nove milhões de euros, o autarca defendeu que o valor agora previsto deveria ser atribuído a uma primeira fase dessa obra, qualificando alguns quilómetros, “e ir fazendo de forma faseada”, tendo em conta as “conhecidas dificuldades da IP”.