Cátia Mateus, de Azambuja, é a Rainha das Vindimas de Portugal 2019.

Azambuja reconquistou o título que já havia ganho em 2016 e brilhou em Peso da Régua, “Cidade do Vinho 2019”, com a coroação de Cátia Mateus como Rainha das Vindimas de Portugal. Aos 19 anos de idade, venceu entre 17 candidatas, representantes de outros tantos concelhos do país, num concurso promovido pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho.

O que é ser ‘Rainha das Vindimas de Portugal’? Ser Rainha das Vindimas de Portugal é uma grande responsabilidade e um grande orgulho, afinal estou a defender e a promover marcos importantes da cultura portuguesa: a vinha e o vinho. Para além disso, sinto que também representa uma grande oportunidade em termos de crescimento interpessoal, aumento da minha cultura, criação de novas amizades e talvez uma abertura de “portas” para o meu futuro profissional.

Nem só de beleza e glamour vive este concurso, sendo que as candidatas foram avaliadas, também, pelo conhecimento demonstrado acerca do seu concelho em domínios como o vinho, a vinha, ou enoturismo. Como caracteriza o concelho de Azambuja nesses domínios? Desde sempre que o vinho e a vinha fazem parte da cultura da Azambuja, afinal este era o “ganha pão” dos nossos antepassados. Actualmente o nosso concelho possui inúmeros produtores, que têm vindo a deixar a sua marca quer a nível nacional, quer a nível internacional, como o caso da SIVAC, Agro-Batoréu, Quinta da Lapa, Casal da Fonte, Terreiro e Cova da Caldeira. Muitos destes nossos produtores são já uma grande referência de unidades enoturísticas, como o caso do Agro-Batoréu, da Quinta Vale de Fornos, da Quinta da Lapa e do Casal da Fonte. Temos também uma grande diversidade de eventos e projectos que, para além de promoverem a nossa vitivinicultura, promovem também os nossos pequenos produtores. Em Aveiras de Cima, durante o mês de Abril decorre o Ávinho – Festa do Vinho e das Adegas, onde os nossos produtores abrem as portas das suas adegas e convidam as pessoas a provar do seu vinho, enquanto partilham com elas um pouco da sua paixão. Em 2020 o evento decorrerá de 17 a 19 Abril. Derivado deste evento foi desenvolvido em Aveiras de Cima um projecto inovador – Vila Museu do Vinho, onde a vila assume o papel de museu vivo. As adegas são os espaços expositivos e onde o saber fazer é partilhado pelos produtores com todos aqueles que nos visitam.

Como vê a evolução dos vinhos da região Tejo e se, entre as preferências dos jovens, poderá o vinho vir a substituir a cerveja, no que aos consumos diz respeito? Por aquilo que tenho observado, a qualidade dos nossos vinhos tem vindo, progressivamente, a aumentar e a ganhar cada vez mais destaque, quer a nível nacional quer a nível internacional. Dou o exemplo da Quinta da Lapa, situada em Azambuja, com dois vinhos premiados no Concurso de Vinhos do Concelho da Azambuja (37º edição) e que actualmente distribui os seus vinhos por mais de 20 países. Respondendo à sua segunda questão, actualmente penso que dificilmente os jovens possam substituir a cerveja pelo vinho pois esta acaba por ser uma bebida mais economicamente acessível e encaixa-se bem à principal necessidade dos jovens: beber para conviver. Contudo, penso que se desenvolvermos projectos que permitissem emergir os jovens na cultura vitivinicultura e que assim os permitisse ver o vinho não apenas como uma “bebida de convívio” mas também como parte da nossa cultura, estes gradualmente passariam a substituir a cerveja pelo vinho visto que, substituíram o “beber por beber” por um “beber por disfrutar”.

O vinho enquanto bebida, aprecia? O que tem de ter um bom vinho? A primeira vez que provei vinho foi em casa dos meus pais com uns colegas de trabalho do meu pai, que são alemães. Para os impressionar o meu pai abriu uma garrafa de vinho do Porto, lembro-me de todos se deliciarem com esta delicada bebida, enquanto eu bebia um copo de água para tirar o sabor da boca. Anos mais tarde, quando participei no concurso, talvez por passar a “conhecer a essência do vinho”, passei a apreciar o seu sabor, seja ele branco, rosé, tinto ou generoso. A produção de um bom vinho começa desde o momento em que plantamos o bacelo, na selecção das castas que o constituem, à vindima, a todo o processo de fermentação e maturação do vinho. Contudo, em termos organoléticos, um bom vinho acaba por depender dos gostos de cada um.

Qual é a estratégia para defender no seu ‘reinado’ não somente os vinhos da região, mas de todo o vinho português? Penso que a minha principal estratégia é ser proactiva, desenvolver projectos de promoção da vitivinicultura (principalmente nos jovens) e tentar ir ao máximo de eventos que conseguir, pois, só assim poderei contactar com as diferentes realidades de cada região e aprender um pouco mais sobre a cultura vitivinícola das mesmas. Para além disso, a minha curiosidade constante e a minha facilidade de comunicação também me irão ajudar a defender melhor o meu reinado, pois estas vão-me permitir, não só aumentar os meus conhecimentos, mas também partilhá-los.

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