Na primeira quinta-feira do próximo mês de Julho a Praça de Toiros do Campo Pequeno acolhe a primeira das quatro corridas previstas para a presente época taurina.
Trata-se de mais uma mini-temporada, o que dá pouca defesa ao empresário, pois, por mais que se queira, é impossível agradar a todos os aficionados, que como é natural têm gostos pessoais diversos, o que é salutar, pelo que apresentar cartéis consensuais é tarefa difícil.
Por opção do empresário este ano não haverá toureio a pé no Campo Pequeno, posto que, segundo a sua justificação, em corridas mistas raramente consegue o retorno do investimento realizado, o que equivale a dizer que os espectadores do Campo Pequeno privilegiam a corrida à portuguesa, bem ao invés do que acontecia há algumas décadas.
Porém, esta não é uma questão exclusiva do tauródromo lisboeta, posto que basta analisarmos as estatísticas das últimas temporadas e constatamos facilmente o decréscimo das corridas mistas e a quase inexistência de corridas em que apenas actuem matadores ou novilheiros.
E, por mais estranho que pareça, esta situação ocorre num tempo em que até temos alguns matadores e novilheiros interessantes, que muitas vezes são preteridos pelas empresas a favor de toureiros espanhóis de segunda ou terceira categoria, enquanto os portugueses ficam na bancada. Lamentável!
De modo a satisfazer as clientelas – até porque a empresa do Campo Pequeno é igualmente concessionária de outras praças, em parceria com a empresa “Toiros com Arte” – os cartéis reflectem a estratégia empresarial numa visão de conjunto das praças por si exploradas, e não numa lógica directamente focada no público do Campo Pequeno.
Defendem muitos aficionados que as quatro corridas do Campo Pequeno deveriam ter quatro cartéis de excepção – do género do cartel da Corrida do dia 10 de Junho em Santarém! – porém a questão é simples de responder: e quem é que suportava os custos de uma corrida com uma figura de topo mundial como é Roca Rey?
A multiplicidade de opiniões a propósito dos cartéis de Lisboa lembra-me a tradicional história de “O Velho, o Rapaz e o Burro”. Nunca se consegue agradar a toda a gente!
O importante é que os verdadeiros aficionados marquem presença nas corridas do Campo Pequeno, e apoiem a empresa concessionária, pois se a empresa perder dinheiro não poderá continuar a organizar a temporada lisboeta, e depois lá virá a hipocrisia daqueles que tudo sabem e nada fazem, lamentando que o Campo Pequeno possa deixar de ter corridas de toiros.
Tome nota dos cartéis e faça a sua reserva quanto antes:
– dia 4 de Julho: cavaleiros João Moura Júnior, Marcos Bastinhas e António Ribeiro Telles (Filho), Grupos de Forcados Amadores de Santarém e de Montemor, que lidarão e pegarão, respectivamente, toiros da prestigiada ganadaria de Murteira Grave. Nesta corrida serão homenageadas duas das maiores figuras de todos os tempos dos Forcados, Nuno Megre, glória dos Amadores de Santarém, e João Cortes, glória e antigo Cabo dos Amadores de Montemor.
– dia 8 de Agosto: cavaleiros Ana Batista, João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Duarte Pinto, Andrés Romero e Luís Rouxinol Júnior; Grupos de Forcados Amadores de Coimbra, de Monsaraz e Académicos de Coimbra; Ganadaria: Vinhas.
– dia 22 de Agosto: cavaleiros Rui Salvador, Rui Fernandes, Francisco Palha e Miguel Moura; Grupos de Forcados Amadores de Évora e de Coruche; Ganadaria: Dr. António Silva. Esta corrida assinalará a despedida de Rui Salvador da arena da capital.
– dia 6 de Setembro: cavaleiros António Ribeiro Telles, Luís Rouxinol e Pablo Hermozo de Mendoza; Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, na comemoração do seu 80.º aniversário; Ganadaria: António Charrua.