A nova greve dos trabalhadores das unidades da Sumol Compal de Almeirim e Pombal de hoje registou uma adesão de 70% e visa exigir aumentos salariais, valorização das categorias profissionais e retoma da negociação do contrato coletivo de trabalho.
A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar, Bebidas, Agricultura, Pesca e Serviços Relacionados (STIAC) e durante a manhã registou uma adesão de cerca de 70%, segundo o dirigente sindical Marcos Rebocho.
“A empresa chegou a contactar vários trabalhadores para prestarem trabalho suplementar, o que mostra que a produção foi afetada”, afirmou hoje à Lusa o sindicalista.
Entre as principais reivindicações estão a atualização das categorias profissionais, o aumento dos subsídios de alimentação e de turno e a revisão do contrato coletivo de trabalho, que não é negociado desde 2009.
“Hoje, quase todos os trabalhadores ganham o mesmo, independentemente da categoria ou da antiguidade. Há quem entre com contratos de seis meses a ganhar o mesmo que colegas com 20 anos de casa”, sublinhou Marcos Rebocho.
O STIAC critica ainda as alterações ao pacote laboral, que considera prejudiciais à contratação coletiva, e acusa a empresa de não apresentar avanços significativos nas negociações.
“A Sumol Compal é a maior empresa do setor das águas, minerais e refrigerantes. Tem o dever de exigir à associação patronal a negociação do contrato coletivo”, defendeu.
Apesar da ausência de acordo, o sindicato reconhece que a pressão dos trabalhadores levou a algumas medidas por parte da empresa, como o pagamento, em setembro, de um maior prémio de produção trimestral e o aumento do valor do trabalho suplementar para alguns funcionários.
“São sinais, mas não substituem a atualização salarial que reivindicamos”, frisou.
O STIAC aprovou uma moção que será entregue à empresa e pretende agendar uma reunião com os recursos humanos para discutir o caderno reivindicativo para 2026, que mantém as exigências apresentadas este ano.
Caso não haja respostas positivas, o sindicato admite novas formas de luta, incluindo a participação na greve geral marcada para 11 de dezembro, que poderá mobilizar trabalhadores da Sumol Compal.
A concentração decorreu junto à rotunda da Avenida João I, local escolhido pela visibilidade que oferece.
“Passam centenas de pessoas e viaturas, o que ajuda a dar a conhecer os problemas dos trabalhadores”, concluiu o dirigente sindical.
A unidade de Almeirim, no distrito de Santarém, é uma das principais fábricas da Sumol Compal, empregando centenas de trabalhadores e assegurando parte significativa da produção nacional de bebidas.
O setor tem registado tensões laborais nos últimos anos, com reivindicações semelhantes noutras unidades, como em Pombal, onde também ocorreram greves este ano.
