Com o tempo, o convívio com jornalistas e o trabalho continuado foi-nos ensinando as melhores práticas para o funcionamento do gabinete de imprensa do festival.
De um modo geral, aprendemos a vantagem de antecipar o mais possível a nossa ação e, por isso fomos definindo um tempo de preparação que começava entre março a maio de cada ano, com a realização de reuniões unilaterais com Direções (por vezes Chefias de redação) de Órgãos de Comunicação Social: jornais, rádios, televisões, para apresentação do projeto.
Depois, em junho e julho, fazíamos o mesmo com revistas de gastronomia e vinhos, revistas de turismo e autores de programas de rádio (por exemplo Manuel Luís Goucha – Rádio comercial), bem como uma reunião mais especial, com os correspondentes da comunicação social estrangeira, normalmente no Palácio Foz.
Daqui resultavam por via de regra um conjunto de noticias de apresentação das linhas de força da edição seguinte de festival, bem como a garantia possível de que cada órgão contatado estaria apresente nas conferências de Imprensa e sobretudo no certame. Naturalmente que alguns estariam presentes todos os dias, outros apenas alguns dias.
No decurso dos anos, aconteceu inclusive que o Correio da manhã deixou de conseguir manter um jornalista a tempo inteiro em santarém. Nessa altura, essas reportagens foram garantidas por jornalistas indicados por nós. Primeiro fez esse trabalho o atual diretor do Correio do Ribatejo, João Paulo Narciso e num segundo momento, eu próprio durante três anos garanti essas reportagens diárias.
Entre agosto / setembro, era estabelecido contato com Rádios e Jornais locais e regionais, sobretudo os das regiões que iriam estar representadas no festival, para lhes oferecer os nossos serviços (gratuitos) de comunicação. Há medida que os anos iam passado, fomos acumulando contatos e boas vontades, pelo que progressivamente se tornava mais fácil reatar estes contatos, alargando a mancha de comunicação.
Cerca de um mês antes era realizada a apresentação formal do festival. Com o tempo, estas conferências, passaram a acontecer em Lisboa, na Casa do Ribatejo e no Porto, por via de regra no restaurante D. Tonho, articulando-se com ida na manhã seguinte, ou no próprio dia ao programa “Praça da Alegria da RTP 1 (Porto – Monte da Virgem), sem descurar a possibilidade de ter presença noutras estações de televisão, particularmente à medida que foram sendo criadas.
Confirmada a presença de jornalistas permanentes e estabelecida a previsão de vindas não anunciadas, preparava-se o acolhimento. Nomeadamente gabinetes a transformar em estúdios de rádio, com instalação de circuitos de comunicação telefónica, sala de imprensa para trabalho de jornalistas, com instalação de sistemas de telefone e fax, mais tarde, com alguns computadores, impressora, etc.
No funcionamento diário, havia que garantir uma boa articulação com cozinheiros dos almoços regionais entrevistas para as Rádios presentes no certame, processo que se iniciava ás 7 horas da manhã com a Rádio Renascença, bem como com os das tasquinhas e do artesanato.
Depois, compilada a informações relativa a presenças, era a organização da mesa / mesas de jornalistas (chegámos a ter mais de 20 por dia).
Logo após cada almoço, era a redação de reportagem para os jornais que não estavam presentes e para os jornais locais / regionais, bem como, com outra linguagem, redação de reportagem diária para as rádios locais regionais das diferentes regiões que acompanhavam o festival (cerca de 20). Na maioria dos casos, entravamos em direto com estes apontamentos de reportagem. Finalmente havia ainda que organizar os jantares dos jornalistas permanentes, tarefa esta que com o tempo se foi simplificando substantivamente, graças sobretudo ao apoio e interesse das diferentes tasquinhas.
A comunicação social estrangeira, para além do trabalho dos correspondentes, de quem se conseguiu sempre uma boa colaboração, só foi possível alargar consideravelmente, a partir da 5.ª ou 6.ª edição do festival. Inicialmente com o apoio do ICEP, em articulação com as entidades de turismo e incluiu duas novas vertentes: A vinda de jornalistas estrangeiros em visitas apelidadas de “Educacionais”, anualmente, praticamente durante dez anos, naturalmente integrados em circuitos que incluíam outros locais do país; posteriormente fomos apresentar o Festival em alguns países estrangeiros, nomeadamente, na Holanda, na Bélgica, em França (Paris), mais uma vez com o grande apoio do ICEP. Estas, eram viagens rocambolescas, em pequenos carros, algumas vezes alugados e com alguns episódios mais picarescos que me eximo agora a contar.
Reflexos – Nuno Domingos