Para Vós, uma história biográfica criada por Cláudia Andrade e habitada por moradores locais, dos sítios por onde passa, foi, desta vez, apresentada em Santarém, com a participação de sete mulheres da nossa comunidade. O Teatro Sá da Bandeira encheu a plateia, especialmente criada para o espectáculo.
Para Vós é um espectáculo sobre memória. Sobre as memórias das avós e as memórias de Cláudia Andrade sobre as suas avós. É também uma homenagem às mulheres. Para vós é um solo, sem que o seja realmente. Porque, na sua interpretação, Cláudia Andrade não está completamente sozinha. Em cena estão também sete mulheres, sete avós de Santarém, que funcionam como um coro, ao jeito da tragédia clássica. As suas vozes – e as suas memórias – juntam-se à da criadora, em resultado de um processo de dois momentos de residência.
Cláudia Andrade criou o projecto a partir de uma busca ao passado, através de entrevistas à sua família e a procura de saber mais sobre a vida das pessoas da sua família. Por cada lugar que passa, Cláudia Andrade procura a colaboração de locais e trabalha com os mesmos umas semanas antes do espectáculo, “há sempre uma cena que é criada desde raiz, que é feita a partir das memórias das mulheres que estão comigo”.
Na interpretação de Para Vós, Cláudia Andrade esteve acompanhada em cena por sete mulheres da comunidade Ana Bela Bentinho, Ana Paula Miranda, Fátima Venceslau, Gué, Inês Cunha, Conceição Resende e Margarida Loureiro, algumas alunas da disciplina de Teatro da UTIS – Universidade de Terceira Idade de Santarém.
Este espectáculo que tocou as nossas emoções, trouxe à memória de todos, os que assistiram e de quem estava em cena, a memória dos seus avós, para eles e para todo os outros que ainda vivem das lembranças do passado. Para Vós é sobre os meandros da memória. Sobre as memórias das avós da criadora ou mais exactamente sobre a sua memória das memórias delas.
Dedicado aos avós e às vozes das nossas raízes. Sobre a voz humana que é ancestral. Sobre histórias de outros tempos que não estão escritas nos livros, mas semienterradas em algum lugar recôndito da nossa memória. Sobre o que é intemporal. Sobre os mistérios do sangue.