Num país altamente centralista como o nosso, pensado quase sempre numa lógica que coloca Lisboa no centro de tudo e com uma visão de país muitas vezes enviesada da realidade, retratado de forma primorosa por Eça de Queiroz na sua obra “Os Maias”, com frases e discursos tão representativos de uma realidade nacional, no Sec. XIX, mas que ainda não foi totalmente ultrapassada, com a visão que “(…) fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento (…)”, o ensino superior e os seus estabelecimentos de ensino foram atores primordiais para tentar combater esta lógica centralizada.
Olhando para a distribuição de estabelecimentos de ensino superior em Portugal, é importante verificar que não apenas as Universidades, mas fundamentalmente os Politécnicos, tiveram um papel ímpar de minorar que os impactos pudessem ainda ser maiores para um Portugal proto Lisboeta.
E felizmente temos neste momento cerca de 30% do nosso país com oferta de ensino superior das mais variadas tipologias e que têm vindo a qualificar gerações de portugueses.
A fazer funcionar a economia local e nacional nos seus diversos vetores. Seja por via do investimento direto que resulta da dimensão orçamental própria de cada instituição, seja por via da atração e da fixação de talento, mas também pelo contributo que dão para a nova localização de iniciativa empresarial no território.
No caso do Ribatejo, a existência de dois Politécnicos, em Santarém e em Tomar, têm contribuído para o desenvolvimento.
Contudo, existe ainda no país alguma desvalorização do ensino Politécnico em detrimento do ensino Universitário.
Não é um mito, é uma realidade com que estas instituições vivem e, perdoam-me a franqueza, muitas vezes, infelizmente, foram os próprios politécnicos que contribuíram para essa imagem. Por terem por vezes uma visão que, nalguns casos, o sonho de se tornarem em Universidades, lhes trouxesse maior qualidade de ensino e maior reconhecimento social.
Pura ilusão, como agora bem se sabe.
Os Politécnicos de Santarém e de Tomar já ultrapassaram “essas dores de barriga”.
Souberam reinventar-se e aproximar-se das cidades e das sociedades em que estão inseridos.
Com enorme mérito.
Em consequência, este ano voltamos a assistir ao crescimento do número de vagas para o ensino superior.
Igualmente, o Politécnico de Santarém viu reconhecida sua qualidade, na visão dos alunos, ao obter uma avaliação muito positiva no quadro dos estabelecimentos de ensino nacional, colocando-o nos lugares cimeiros.
Mais cursos, mais vagas, mais alunos, Professores cada vez mais bem preparados e academicamente qualificados, maior ligação à região.
São estas as chaves do sucesso de um projeto educativo relevante e sustentável.
O Politécnico de Santarém tem vindo a fazer esse caminho.
Que assim prossigam.
Inato ou Adquirido – Ricardo Segurado