A Câmara de Almeirim está a implementar, no concelho, um projecto inovador de recolha selectiva de resíduos porta-a-porta para reciclagem, assim como a recolha de resíduos orgânicos para compostagem.
Na passada quinta-feira, 11 de Abril, promoveu uma sessão de esclarecimento público, em parceria com a Ecolezíria, empresa intermunicipal para o tratamento de resíduos sólidos, para sensibilizar a população para a importância desta temática.
“Todos falamos da necessidade de proteger o ambiente. Todos falamos que é necessário reciclar mais e retirar resíduos dos aterros. No entanto, muitos de nós temos sempre uma “desculpa”, ou porque os ecopontos estão longe ou porque não têm recipientes para separar os resíduos”, considera o presidente do Município, Pedro Ribeiro.
“Falhamos, não nos valores mas nos comportamentos”, disse, recordando que, actualmente, um terço dos portugueses “ainda não faz o gesto de separar e levar ao ecoponto”.
Para Pedro Ribeiro é preciso “dar um salto”, porque praticamente se estagnou nos valores da recolha selectiva de embalagens. O autarca referiu que a implementação destes projectos é “mais uma tentativa de mudar de paradigma porque não estamos a conseguir atingir as metas”.
Ao todo, os concelhos da área de intervenção da Ecolezíria produzem anualmente 55 mil toneladas de resíduos: só Almeirim produz mil toneladas por mês, mais de 30 toneladas por dia, que custam às câmaras e munícipes 50 euros por tonelada para ir para aterro, ou seja, 600 mil euros por ano que “podia ser canalizado para outras prioridades”.
“O grande desafio é este: encontrar efectivamente uma forma de chegar às pessoas e de transformar a forma de pensar. Eu acho que isso é o mais difícil, mudar mentalidades”, declarou.
“É fundamental que cada um de nós assuma isto como um acto de cidadania e isso passa por acreditar na ideia, no projecto e dar força a esta ideia de que podermos separar, reciclar para que, efectivamente, os recursos sejam mais duráveis, e o desgaste daquilo que são as matérias primas e as capacidades do planeta não seja tão intenso”, acrescentou.
“Sensibilizar é fundamental”, disse, acrescentando que é também intensão “premiar as pessoas que têm melhores comportamentos e que acreditaram no projecto, e vão de facto separar, e ser mais eficazes nesse trabalho”.
“A novidade do projecto é o da recolha selectiva de resíduos orgânicos que devem ser separados e que vamos assumir como uma nova atitude a passar à população”, afirmou.
“Num mundo em profunda mudança ambiental este é o tempo de mudar hábitos sob pena de os nossos filhos e netos não terem planeta para viver. Não se trata de acções para o futuro. Esse futuro é hoje e é hoje que temos de mudar os nossos hábitos”, apela o autarca, concluindo: “nós estamos a fazer a nossa parte. Mas, no fim a decisão é sua”.
Um dos aspectos distintivos deste projecto da Ecolezíria, empresa que serve os concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos, é a recolha dos bioresíduos (restos de cozinha) através da compostagem, com equipamento entregue a quem possua jardins ou outros espaços exteriores. Serão seleccionadas famílias numa fase experimental, até 2020, altura em que o projecto entrará no dia-a-dia dos munícipes destes concelhos. No caso de povoados dispersos, serão colocados mais ecopontos.
A recolha selectiva porta-a-porta vai, nesta fase, abranger 30% dos alojamentos existentes, num total de cerca de 40.000 pessoas num universo de 123.000 habitantes dos seis concelhos, decorrendo ao longo do primeiro semestre de 2019 a campanha de sensibilização, com reuniões com juntas de freguesia, associações, colectividades e acções de contacto directo com os cidadãos, que serão convidados a preencher um inquérito para se conhecerem os seus hábitos de reciclagem e apelar à sua participação.
Os habitantes envolvidos no projecto vão receber baldes para a separação dos resíduos orgânicos e sacos reutilizáveis para a separação dos resíduos em casa e sacos codificados para separação de papel e de plásticos, que serão postos à porta para recolha em diferentes dias da semana.
Em relação à compostagem doméstica, vão ser distribuídos 7.500 compostores domésticos junto dos alojamentos incluídos na tipologia de moradia, sendo objectivo da empresa construir uma unidade de compostagem centralizada, com capacidade para tratamento de 10.000 toneladas/ano de biorresíduos.
A Ecolezíria quer igualmente candidatar-se para a criação de uma central de triagem de recicláveis, “por forma a melhorar a capacidade de preparação e encaminhamento dos diferentes materiais para reciclagem”, recorrendo, até lá, igualmente a um operador que separa contaminantes, compacta e envia para a Sociedade Ponto Verde, acrescentou.
Para as zonas rurais, onde a dispersão das habitações tornaria demasiado onerosa a recolha porta-a-porta, a empresa projecta reforçar o número de ecopontos, aumentando o rácio por número de habitantes.
Depois da selagem, em 2015, do aterro que geria, situado na Raposa, concelho de Almeirim, a Ecolezíria (fundada em 2004 e detida, desde 2015, exclusivamente pela Resiurb, Associação de Municípios para o Tratamento de Resíduos Sólidos) reposicionou-se para a recolha selectiva, “para que esta atinja níveis superiores aos previstos nas metas estabelecidas”, encaminhando os indiferenciados para o aterro da Resitejo, na Chamusca.