David Pina Trincão, natural de Almeirim, é médico imunoalergologista, uma especialidade médica que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças alérgicas e das doenças do sistema imunitário. Segundo o clínico, a prevalência e incidência das doenças deste foro tem vindo a aumentar nos últimos anos, como é o caso da asma, rinite e a conjuntivite alérgica. Perante este cenário, o médico considera que a articulação dos cuidados de saúde e o aumento de especialistas nos hospitais de proximidade permite um maior controlo da doença e um aumento da qualidade de vida dos doentes.

Porque razão decidiu escolher a Imunoalergologia como especialidade clínica?
A Imunoalergologia é uma especialidade médica que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças alérgicas e das doenças do sistema imunitário – vulgo “sistema das defesas”. Todas as faixas etárias podem ser afectadas por este tipo de problemas. A especialidade de Imunoalergologia exige tanto de formação teórica como de experiência laboratorial e clínica, assentes nos melhores padrões de qualidade, validados internacionalmente. Esta especialidade clínica constituía, à partida, um grande desafio e, em simultâneo, a oportunidade de colocar em prática conhecimentos específicos, colocando-me ao serviço e ajudando as pessoas que deles precisavam. Foi, afinal, este conjunto de factores entusiasmantes, ao longo do meu percurso académico, que “ditaram” a minha escolha.

Na sua opinião, a Imunoalergologia é hoje uma especialidade mais afirmada, comparativamente, por exemplo, à época em que começou a exercer?
Sim. O aumento da acessibilidade à informação sobre problemas de saúde revelou que existe uma grande preocupação sobre este tipo de patologia em toda a população, de forma crescente e progressivamente relevante. Para isso, foi necessário muito trabalho de investigação pelos meus antecessores nesta especialidade. O aumento da presença de especialistas em hospitais de proximidade e a sua articulação com os cuidados de saúde primários também contribuíram para a afirmação da especialidade de Imunoalergologia.

Considera que a Imunoalergologia é atractiva para os jovens que estão no momento de escolher a especialidade que irão seguir no futuro?
Apesar de nem sempre acessível, considero uma especialidade atractiva para quem goste de Alergia e Imunologia Clínica. É inegável que existe muito investimento teórico a ser realizado, tal como em qualquer outra especialidade em Medicina. A verdade é que o retorno em qualidade de vida dos doentes que recorrem à consulta é bastante compensador.

Em Portugal, cerca de um milhão de pessoas tem asma, as queixas de rinite atingem mais de 25% das crianças portuguesas, das quais, mais de 50% têm também conjuntivite alérgica. A opinião pública deve estar mais atenta a esta realidade?
Sem dúvida. A prevalência e a incidência das doenças imunoalérgicas têm vindo a aumentar de forma significativa nos últimos anos o que, com isso, temos assistido ao acréscimo de dúvidas pessoais e parentais. Considero, pois, um interesse natural: a informação pode e deve ser disponibilizada, atendendo sempre a fontes científicas credíveis. Não posso deixar de frisar que determinadas faixas da população necessitarão obrigatoriamente de cuidados personalizados. O controlo da doença alérgica de base é essencial para o bom desenvolvimento das crianças e para a melhor qualidade de vida dos adultos, nunca esquecendo, também, populações específicas, como os idosos e as grávidas.

Qual é a sua posição acerca da vacinação das crianças contra a Covid-19?
As vacinas são seguras e salvam vidas. A vacinação previne não só as formas graves da Covid-19, como também a sua transmissão entre crianças e pessoas em situação de saúde mais fragilizada. As entidades que aprovaram a vacinação nos actuais grupos etários pediátricos, aos quais está preconizada, são idóneas e baseiam a sua actuação dentro de processos científicos exigentes, envolvendo, obrigatoriamente, peritos em diversas áreas para uma tomada de decisão.

A vacinação está associada a uma diminuição do risco de doença Covid-19 e das suas complicações, estas mais frequentes do que o risco associado à própria vacina. De igual forma, não podemos ignorar, durante a actual pandemia, o impacto da saúde mental e educacional das crianças, cujos efeitos, a longo prazo, serão certamente muito negativos e os quais poderão ser significativamente reduzidos com a eventual classificação de crianças vacinadas como contactos de baixo risco. A decisão última será sempre dos responsáveis legais pois a vacinação contra a Covid-19 não é, neste momento, obrigatória. Contudo, é de vital relevância o esclarecimento de cada situação com o seu médico assistente: cada criança merece os melhores cuidados de saúde, adaptados à sua realidade.

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