Almeirim – 15 de Setembro’2023, 22 horas. Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: Marcos Bastinhas, Francisco Palha e António Telles (Filho); Forcados: Amadores de Lisboa e de Chamusca; Ganadaria: Passanha; Director de Corrida: Marco Cardoso; Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Entrada de Público: ¾ Forte.

A tradicional Corrida das Vindimas, em Almeirim, despertou vivo interesse junto da população aficionada, pois um cartel composto por cavaleiros ainda jovens, como foi o caso, atraiu uma satisfatória presença de público, o que emprestou um agradável ambiente ao renovado tauródromo almeirinense.

Os toiros de Passanha saíram bem-apresentados e cumpridores quanto a condições de lide, pois se nenhum foi bravo de bandeira todos se deixaram lidar, embora exigindo aos marialvas em praça as respectivas credenciais, o que resultou num espectáculo interessante. A terna de cavaleiros que actuou em Almeirim estava ali para dar tudo de si, e esta louvável atitude muito valorizou o espectáculo.

Marcos Bastinhas teve a infelicidade de ver falecer pouco antes das cortesias uma das suas mais recentes montadas, acometido por doença súbita, o que influenciou a sua atitude em praça, desta feita mais sóbrio e introspectivo, desenhando um toureio mais repousado e contido. Com o semblante naturalmente carregado, Marcos andou em bom plano, tendo começado por receber o seu primeiro oponente em sorte de gaiola, bem-sucedida. A ferragem da ordem foi colocada em sortes vistosas e tecnicamente perfeitas, não havendo lugar à colocação de ferros suplementares. Na lide do segundo do seu lote, Bastinhas rubricou uma boa actuação, quer quanto à brega que explanou como quanto à colocação da ferragem. Antes de concluir a sua actuação, Marcos Bastinhas foi muito instado pelo público para colocar o habitual par de bandarilhas, que resultou bem, cravado no centro da arena, rematando assim a sua actuação.

Francisco Palha é um toureiro de eleição, que nesta noite almeirinense enfrentou com um requintado primor técnico dois toiros muito distintos entre si. Privilegiando o toureio frontal com cites de largo e colocação da ferragem em terrenos de aperto, Palha logrou envolver o público na sua airosa lide, elegendo os melhores terrenos, ajustando os andamentos das suas montadas às investidas dos toiros e colocando vistosa ferragem, que o respeitável muito aplaudiu. A isto se chama tourear, embora nem sempre tenha conseguido o brilhantismo desejado, porém o sortilégio do toureio é que o resultado de uma lide é aquilo que o toureiro consegue fazer em função da matéria-prima de que dispõe. Francisco Palha lidou como mandam as regras, deu tudo de si, que é muito como todos sabemos, e o público foi justo na sua apreciação. A lide do quinto toiro da ordem foi a mais conseguida, registando momentos muito interessantes, mas Francisco Palha, talvez empolgado pela reacção do público, quis cravar mais um ferro, quando as condições do hastado já não o aconselhavam, e a lide veio a menos. Sair a tempo é uma arte!

António Telles (Filho) é um cavaleiro de dinastia que exibe com distinção o sentimento toureiro que lhe vai dentro. Fiel aos ensinamentos da Torrinha, o jovem António confirma em cada corrida todas as suas potencialidades técnicas e artísticas, emprestando sempre algo de pessoal, o que muito o valoriza. O toureio obedece a regras, algumas imutáveis e estruturantes, no entanto, o que mais valoriza uma lide é a expressão do sentido toureiro de cada protagonista. Sem ter sido uma noite redonda para o jovem marialva, foi-nos dado assistir a duas boas lides, com o jovem toureiro a entender os seus oponentes e a rubricar sortes muito vistosas e sérias, talvez pecando, apenas, por num ou noutro momento não haver lidado com mais repouso, para que o momento da reunião fosse vencido com mais domínio. A simpatia natural de António Telles (Filho) estabelece uma agradável interacção com o público, o que também não é de somenos importância, atentas as características emotivas do espectáculo, que, assim, sai muito engrandecido.

As pegas aos toiros de Passanha raramente são fáceis, e estes toiros chegaram ao momento da pega com muita força, exigindo que os forcados lhes pisassem os terrenos e depois aguentassem as investidas bruscas, exigindo eficazes ajudas, o que nem sempre aconteceu, permitindo que o forcado da cara fosse ingloriamente desfeiteado. Dar vantagens aos toiros é uma coisa, mas exagerar na distância entre os ajudas é outra. Nem todos os toiros investem de pronto e com pata… Mas a presença de dois qualificados Grupos ajudou a solver as dificuldades.

Pelos Amadores de Lisboa foram solistas Tiago Silva, que consumou pega fácil ao primeiro intento, Duarte Mira, na sua única tentativa, a dobrar Duarte Nascimento, desfeiteado na primeira tentativa, e Daniel Batalha, que concretizou rija pega, à segunda. Pelos Amadores da Chamusca, Diogo Marques rubricou boa pega ao segundo intento, João Narciso fechou-se com alma e consumou vistosa pega ao primeiro intento, e Miguel Santos, consumou a pega já em sorte sesgada, a dobrar Hélder Delgado desfeiteado em três tentativas, mau grado a sua determinação e valor.

Os peões de brega estiveram em bom plano, bem assim como os campinos. Direcção atenta e correcta de Marco Cardoso, assessorado pelo Dr. José Luís Cruz.

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