O festival Bons Sons arranca na quinta-feira em Cem Soldos, Tomar, celebrando este ano o “Amor de verão” entre os 35 mil festivaleiros esperados e a aldeia que os recebe com frases pintadas nas paredes, varandas ou estendais.
“Há uma relação afectiva entre os visitantes e o próprio espaço da aldeia que este ano dedica o festival a esse “Amor de verão” com a população a envolver-se em mais um projecto para receber os festivaleiros”, disse à agência Lusa Luís Ferreira, da organização do Bons Sons.
Em Cem Soldos – a aldeia que durante quatro dias se transforma no recinto do festival – a “contagem decrescente” para a recepção aos festivaleiros vive-se com os habitantes locais empenhados em “pintar nas paredes e em azulejos frases retiradas de letras de canções dos artistas que integram o cartaz”, ou em criar “estendais de lençóis também com partes das músicas que este ano são 90 por cento de amor”.
O ‘amor de verão’, que a aldeia faz acontecer entre quinta-feira e domingo, envolve os cerca de mil habitantes de Cem Soldos que abrem as portas das suas casas aos festivaleiros, cedem terrenos agrícolas para instalar parques de estacionamento ou transformam quintais em restaurantes onde limpam, cozinham e servem as refeições.
“Dos mais velhos aos mais novos todos participam” na construção do festival “feito de vivências entre quem habita e quem visita a aldeia” que, lembrou Luis Ferreira, vai receber 50 actuações do rock, à pop, à folk, ao jazz, ao fado, ao funk e à electrónica.
Salvador Sobral, Selma Uamusse, Mazgani, Sara Tavares, Sean Riley & The Slowriders, Cais Sodré Funk Connection, Dead Combo, Lena D’Água e Primeira-dama com Banda Xita são as propostas para o Palco Lopes Graça, no largo da aldeia.
Já o Palco Eira e o Palco Tarde ao Sol foram este ano rebatizados.
O primeiro adoptou a designação Zeca Afonso para receber actuações “mais intimistas” como as de The Lemon Lovers, Slow J, 10.000 Russos, Mirror People, Zeca Medeiros, Paus, Peltzer e Linda Martini.
O segundo passou a chamar-se Amália, em homenagem à fadista, e a ele subirão Norberto Lobo, João Afonso, Miguel Calhaz, Ela Vaz, Motion Trio, Moonshiners, Fado Violado e Tia Graça – Toda a gente devia ter uma.
No palco Giacometti a relação de intimidade com o público celebra-se nesta edição com Lince, Jerónimo, S. Pedro, Tomara, O Gajo, Quartoquarto, Monday e Luis Severo.
Palankalama, Patrícia Costa e Meta são as propostas para o palco Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, espaço onde cabem ainda as actuações de Vozes de Manhouce, Homem em Catarse, Artesãos da Música, Orquestra de Foles e Douradas Espigas.
Noite dentro, a música vive-se em Cem Soldos no Palco Aguardela, com nomes como António Bastos, Conan Osiris, Colorau Som Sistema e Xinobi.
O auditório da aldeia muda também este ano de nome, adotando a denominação Agostinho da Silva, o “Curtas em flagrante”, um festival de curtas-metragens oriundas de países de língua oficial portuguesa, e uma vasto programa de actividades paralelas para as famílias.
Organizado pelo Sport Club Operário de Cem Soldos desde 2006, o Bons Sons manteve-se bienal até 2014, passando a realizar-se anualmente e tendo recebido, em oito edições, 278 concertos e 238.500 visitantes.
Este ano, “a expectativa é manter a média dos 35 mil visitantes” ao longo dos quatro dias do certame cujos bilhetes das duas primeiras fazes de vendas “esgotaram”, mantendo-se “a bom ritmo” a venda de ingressos que decorre ainda até ao início do festival.
O Bons Sons, que movimenta um orçamento anual na ordem dos 450 mil euros, tem como meta o desenvolvimento local e integra-se num conjunto de actividades culturais desenvolvidas pela população e pela associação local, cujos lucros revertem para projectos culturais e sociais.