O Festival do Órgão de Santarém regressa às sete igrejas da cidade que possuem o instrumento, entre 19 e 27 de Novembro para a sua quarta edição, que tem como objectivo abraçar todas as artes à volta da música, numa tentativa de mostrar ao público que os órgãos, e os organistas, não tocam só música litúrgica.

“O objectivo desta edição é dar a conhecer o instrumento às pessoas e enaltecer a sua nobreza”, referiu Ricardo Toste, organista residente do festival, durante a sessão de apresentação, que se decorreu na tarde de quinta-feira, no Museu Diocesano de Santarém. O festival conta ainda com a direcção artística do maestro Rui Paulo Teixeira, que considera o festival único em Portugal, e “provavelmente no mundo”.

A iniciativa é uma parceria entre a diocese de Santarém e a Santa Casa da Misericórdia, proprietárias dos instrumentos instalados nas igrejas, com a autarquia e nesta quarta edição vai integrar dança, cinema, gastronomia e literatura, com vários concertos, workshops e conversas. As entradas nos espetáculos são gratuitas. Algumas das iniciativas do programa estarão sujeitas a inscrição prévia.

O FÓS abre no sábado, dia 19, com um “Free Organ Day”, em que o público é convidado a conhecer, através de um percurso, os espaços e os órgãos históricos da cidade, numa iniciativa dinamizada pelos alunos e professores de órgão do Conservatório de Música de Santarém. No primeiro dia do evento será lançado, na Igreja da Misericórdia, o livro “Património Organístico de Santarém”, de Samuel Vieira, o qual dá a conhecer os órgãos da cidade que foram recuperados, narrando a história e algumas das suas características, repertórios, práticas e executantes do património organístico de Santarém. Nesse dia à noite, na Catedral, o “Concerto Liberdade” vai juntar Ricardo Toste, organista residente do FÓS e organista na Sé de Aveiro, e Sílvio Vicente, organista principal no Santuário de Fátima e responsável pela versão eletrónica do espetáculo, para uma “performance artística contemporânea”.

No domingo, dia 20, à tarde, o Concerto Scalabitano vai juntar, na Igreja de S. Nicolau, o Coro do Círculo Cultural Scalabitano, com direção musical do seu maestro titular, António Matias, e a organista Marta Cruz.

Outro destaque vai para a “‘masterclass’ informal para organistas e amantes da música”, que o organista alemão Jürgen Essl, especialista em improvisação para órgão, vai dar no dia 25 à tarde, na Igreja de Marvila, seguindo-se, à noite, um “Concerto Master”, inspirado “em expressivas estátuas vivas dos Quideia Animações, alusivas às quatro estações”.

Esta inclui a exibição de “Tempus fugit”, tríptico mudo do cineasta local Virgílio Torres, numa colaboração com o Cineclube de Santarém, e “um simbólico momento ‘in memoriam’ de Joaquim Luís Gomes, maestro e compositor escalabitano de relevo no século XX”.

No dia 26, na Catedral, o concerto “The Sound of Movement” vai associar órgão, dança e um coro infantil, resultante de uma parceria entre o Coro de Pequenos Cantores de Esposende e o Conservatório de Música de Santarém, cujos alunos estarão dois dias a trabalhar com a maestrina Helena Venda Lima.

Entre as iniciativas agendadas conta-se, no dia 27, na Igreja da Misericórdia, um “concerto histórico na cultura musical portuguesa”, com a “estreia moderna de uma obra antiga de Francisco Garro, compositor de relevo da renascença ibérica, natural de Espanha e falecido em Portugal”, que foi reconstituída pelo musicólogo José Abreu, no prenúncio dos 400 anos da morte do compositor.

Dirigido por Luís Toscano, o concerto será interpretado “por uma das poucas formações portuguesas especializadas em polifonia portuguesa, os Cupertinos”, grupo vocal que será acompanhado pelo perito em música ibérica para órgão histórico Andrés Cea Galán, da Andaluzia.

A programação inclui seis conversas didáticas, intituladas “óH! Tubos, Teclas e Música”, orientadas por Ricardo Toste, para dar a “conhecer a organologia de todos os órgãos deste evento” e “sensibilizar o público para esta área patrimonial”.

“O organista Ricardo Toste vai mostrar a mecânica interior dos tubos dos órgãos históricos, como funcionam as teclas associadas à consola assim como a respetiva registação tímbrica”, afirma a organização, salientando que as conversas culminam com música.

Ao longo dos nove dias do festival, decorrerão várias iniciativas, como ações performativas, recitais de poesia com órgão e um recital-jantar ‘gourmet’, cuja ementa resulta de uma parceria entre o chefe João Correia e o organista em residência, que considera que “não é meramente um jantar, é uma experiência sensorial”. O jantar carece de inscrição prévia com uma lotação máxima de 40 pessoas e tem um preço de 35 euros.

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