A tradicional corrida de S. Pedro, em Évora, decorreu sob o signo dos Palhas, desde logo o marialva vila-franquense que esteve em plano superior, e os toiros da mítica ganadaria Palha que, para além de serem a atracção do cartel – sem desdouro para toureiros e forcados – serviram na perfeição, nomeadamente os que foram lidados em primeiro e em último lugar.

O cartel apostou na juventude marialva, o que se louva, pois, assim se vai abrindo o caminho aos mais jovens, porém o público que tanto se diz aficionado reclama quando os cartéis são repetitivos, porque são sempre os mesmos, mas, do mesmo modo, faz gazeta quando as empresas têm a ousadia de refrescar os elencos, ainda que, como foi o caso, com toureiros com provas dadas. Vá lá um empresário entender esta gente!

Francisco Palha está a viver um momento de assinalável categoria e é, até ao presente, um dos mais destacados triunfadores da temporada. Frente ao magnífico primeiro toiro da corrida registou um triunfo rotundo, assente no toureio que o caracteriza, pois, este cavaleiro nunca concede facilidades à concorrência e aposta todas as fichas em cada um dos toiros que lida. Este foi um toiro que pediu contas, e Francisco Palha não as errou. O segundo toiro do seu lote cedo procurou o refúgio em tábuas, o que impôs ao cavaleiro uma lide muito persistente e segura, a pisar terrenos do máximo compromisso e a confirmar que, de facto, é uma das grandes figuras da sua geração.

António Prates marcou aqui passo na sua caminhada rumo ao topo do escalafón. Se é certo que o quinto toiro da corrida não confirmou o rifão – no hay quinto malo! – não lhe consentindo grandes opções, o primeiro do seu lote saiu nobre e fácil, contudo o jovem marialva desperdiçou-o, andando irregular com a ferragem comprida e subindo de tom nos curtos, mas muito longe do melhor que já lhe apreciámos. António Prates parece estar a acusar a falta de corridas, pois tanto o toureiro como as próprias montadas sentem necessidade de criar rotinas, o que permite atingir um plano de mais segurança e de tranquilidade.

Tristão Telles Queiroz enfrentou o melhor lote e bem fez por o merecer. Frente ao primeiro desenvolveu uma lide correcta, com bons detalhes, mas sem ser redonda, ou seja, não foi tudo ao melhor nível. Frente ao último toiro da corrida, eventualmente o melhor toiro da noite, Tristão rubricou uma lide alegre, iniciada com uma emotiva sorte de gaiola, a sinalizar uma atitude de muito querer, protagonizando em seguida momentos muito emotivos e correctos que tiveram o condão de conquistar o público, que não lhe regatou aplausos calorosos e entusiásticos. 

O desafio de pegar seis toiros Palha saiu duro para o Grupo de Forcados Amadores de Évora, um dos mais conceituados que pisam as nossas arenas, mas que talvez não esteja a atravessar o apuro de forma que lhe é peculiar. Prova disso, e também das dificuldades impostas pelos toiros desta noite, é que apenas a primeira pega foi consumada ao primeiro intento, por intermédio de João Madeira, que nesta corrida se despediu das arenas, que pisou sempre com tanto brilhantismo. Henrique Corguete consumou boa pega ao segundo intento; Ricardo Sousa também concretizou a sua sorte à segunda tentativa; António Prazeres rubricou valorosa pega, à terceira; João Cristóvão fechou-se com galhardia à segunda tentativa; e, a fechar esta afanosa noite, o Cabo José Maria Caeiro consumou também a sua sorte à segunda tentativa. De notar que são estes toiros que mostram os toureiros e os forcados que os enfrentam, e o prestígio e a trajectória do Grupo de Forcados Amadores de Évora em nada ficaram beliscados, muito pelo contrário, pois estas corridas são aquelas que atestam a classe dos bons forcados.

As quadrilhas dos três cavaleiros andaram em bom plano, tendo tido muito trabalho na colocação dos toiros para as pegas, tarefa de que se desincumbiram com competência e empenho.

A direcção da corrida esteve cometida a D. Maria Florindo, que evidenciou ponderação e competência, tendo estado assessorada pela médica veterinária Dra. Ana Gomes.

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