A Galeria Neupergama, em Torres Novas, celebra 40 anos na próxima terça-feira, data que começa a ser assinalada com a inauguração da exposição “Cabrita”, do artista plástico Pedro Cabrita Reis.
A exposição vai estar patente, até 10 de abril de 2021, em dois espaços da cidade de Torres Novas, uma parte na Galeria e outra no Museu Municipal Carlos Reis (MMCR), onde decorreu a sessão de arranque das comemorações dos 40 anos da Neupergama no Mercado do Peixe.
Célia Cardoso Gonçalves, responsável, há ano e meio, pela galeria criada na década de 1960 pelo seu pai, José Carlos Cardoso, disse à Lusa que nos dois espaços vai estar patente “uma mostra bastante significativa daquilo que é o trabalho do Pedro Cabrita Reis”.
Na galeria, estarão 11 paisagens sobre tela e três desenhos a tinta-da-china sobre papel, além de uns “miminhos especiais” que o artista fez para a galeria no dia da montagem, disse Célia Gonçalves, adiantando que, no MMCR, Pedro Cabrita Reis “quis intervir” na sala de arte sacra com três esculturas em bronze e, na sala de exposições temporárias, expôs várias faianças brancas da sua autoria.
Pedro Cabrita Reis disse à Lusa que se sentiu “bastante honrado” com o convite feito pela Neupergama, galeria que “tem uma história antiga”, que remonta aos anos 60, “e com um historial notável, com artistas que foram fundamentais para perceber a história contemporânea portuguesa nos anos 60 e 70”.
Célia Gonçalves salientou que, não sendo usual, numa cidade do interior, ter uma exposição da magnitude da que é hoje inaugurada, este “não é um caso raro em relação à Neupergama”.
Como exemplo apontou o facto de a galeria, nos últimos 10 anos de vida de Mário Cesariny, ter representado “quase em exclusivo” o artista plástico e poeta, “e, com ele, Álvaro Lapa, João Vieira, Cruzeiro Seixas, entre muitos outros”.
Já depois de assumir a liderança da galeria, em meados de 2018, Célia Gonçalves reuniu, também em parceria com o município de Torres Novas, trabalhos das três gerações Areal, na Praça do Peixe, com obras de António Areal (pai), emprestadas pela Fundação Calouste Gulbenkian, e também de Sofia Areal (filha) e de Martim Brion (neto).
“Agora, a dimensão do [escultor] Pedro [Cabrita Reis] é que extravasa tudo. Enquanto artista é algo de extraordinário, mais ainda, não só ter acedido a vir à galeria, como ter tido a vontade, que foi dele, de extravasar a exposição também para o espaço do museu”, disse, salientado que o artista “já se sente em casa, não só na Neupergama, como em Torres Novas”.
“É de facto um dia especial”, declarou, salientando que a mostra “vai ser longa”, até 10 de abril de 2021, uma opção tomada tendo em conta o contexto pandémico, “para permitir que as pessoas possam visitar a exposição e sentirem-se em segurança, não terem receio de ajuntamentos”.
Até essa data, a Neupergama irá promover vários eventos, com o artista, adiantou.
“Com a pandemia, esta exposição vai ser um marco, uma luz, uma alma que espero poder transmitir a todos os colegas da cultura, porque, mais uma vez, estamos a mostrar a nossa capacidade de resiliência e de readaptação e de luta, porque, num contexto tão estranho e tão adverso, conseguimos mesmo assim avançar”, salientou.
A inauguração da exposição chegou a estar marcada para abril, data que ficou inscrita no desdobrável, tornando-o “quase um documento histórico”, dadas as circunstâncias únicas que ditaram o seu adiamento.
Também antecipando as interdições impostas aos fins de semana, a inauguração acaba por acontecer ao fim da tarde de hoje, e não numa tarde de sábado, como é usual na galeria, acrescentou.
Cabrita Reis realçou o estar “a celebrar com a galeria” um aniversário “que é mais um momento de reflexão e de festejo de uma história continuada”.