No primeiro dia de Julho o tauródromo montijense registou uma agradável afluência de público, que preencheu cerca de três quartos da sua lotação, para assistir à tradicional corrida de São Pedro, a data mais forte do seu calendário, valorizada este ano com um apreciado cortejo de gala à antiga portuguesa evocando as antigas touradas reais.

O cartel estava composto por dois cavaleiros marialvas – João Ribeiro Telles e Luís Rouxinol Júnior – e pelo rejoneador tremendista Emiliano Gamero, a quem não consigo reconhecer méritos técnicos e artísticos taurinos para integrar cartéis desta importância. Problema meu, certamente. Mas, possivelmente, há razões que a razão desconhece para se escancararem as portas das principais praças a este tipo de toureiros. Lidaram-se toiros da ganadaria Vinhas, complicados e a pedirem contas, mas que transmitiram, favorecendo, assim, o espectáculo, e as pegas estiveram cometidas aos Grupos de Forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, aos Amadores do Montijo e ao Aposento do Barrete Verde de Alcochete.

Uma vez mais João Ribeiro Telles esteve em grande plano, especialmente no segundo toiro do seu lote frente ao qual bordou o toureio com uma lide perfeita, tanto na brega adequada e valorosa como na colocação de poderosa ferragem, nomeadamente os últimos curtos que atingiram um nível elevadíssimo. Não há aficionado ao toureio equestre que não vibre intensamente com um toureio deste quilate!

Do mesmo modo o jovem Luís Rouxinol Júnior, a jogar em casa, encantou o público com duas actuações excelentes. Respeitando a escola paterna, o jovem cavaleiro de Pegões bregou com uma alegria e correcção notável e colocou a ferragem em sortes de grande compromisso, a dar todas as vantagens aos seus oponentes e a pisar os terrenos dos toiros, pondo a carne no assador. Nesta memorável noite montijense o triunfo foi repartido pelos dois cavaleiros marialvas.

Emiliano Gamero – para muitos cronistas um autêntico fenómeno na arte de tourear (!) – andou perdido frente ao primeiro toiro do seu lote, solvendo a sua missão com alguma intermitência, e no último da noite cometeu menos erros, especialmente na eleição dos terrenos e no acerto das distâncias, cravando a ferragem de forma mais expedita, alegrando o público com as habituais atitudes tremendistas.

Os toiros de Vinhas saíram uma vez mais a pedir contas aos forcados que tiveram de soar as topinhas para cumprir a sua missão. O que, convenhamos, fizeram com muita dignidade.

Pelos Forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo foram solistas o Cabo Luís Carrilho e Tiago Feitor, que consumaram as respectivas sortes ao segundo intento; pelos Amadores do Montijo o Cabo José Pedro Suiças dispôs-se a pegar o segundo toiro da ordem, que, entretanto, partiu um corno e foi recolhido aos curros, e João Paulo Damásio concretizou valorosa pega à terceira tentativa. Pelos Amadores do Aposento do Barrete Verde de Alcochete Simão Loia consumou rija pega ao terceiro intento e João Armando consumou uma portentosa pega ao primeiro intento, naquela que talvez tenha sido a mais emotiva e perfeita pega da noite.

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