Monumental “Celestino Graça” – Santarém, 16 de Junho de 2019, 18 horas. Corrida à Portuguesa – Corrida dos Agricultores (CAP). Cavaleiros: João Moura Júnior, João Ribeiro Telles e Francisco Palha; Forcados: Amadores de Santarém e Amadores de Montemor; Ganadaria: Veiga Teixeira; Director de Corrida: Lourenço Luzio; Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Entrada de Público: ¾ da lotação da Praça.

Em tarde agradável e com muito público nas bancadas decorreu a última corrida da Feira do Ribatejo, e também a última das três anunciadas pela Associação Praça Maior para a presente temporada. Entre o público encontrava-se o Ministro da Agricultura, Capoulas Santos, acompanhado pelo presidente da CAP e do CNEMA, Oliveira e Sousa, presença que se saúda nos tempos que correm em que muitos políticos preferem não dar a cara.

Os toiros de Veiga Teixeira impuseram sempre muita seriedade ao espectáculo, quer pela imponente apresentação da maioria dos que saíram à arena, quer pelo seu comportamento, exigente e duro, pois, quem os enfrentou teve de andar sempre bem, ou, pelo menos, teve de se impor convictamente, posto que estes hastados não eram para brincadeira. Não houve nenhum toiro manso, como, igualmente, não houve nenhum mesmo bravo, mas, com as suas complexidades, todos se deixaram lidar e pegar. A fava, desta feita, tocou a Francisco Palha, a quem coube o lote mais complicado.

João Moura Júnior iniciou a sua função com um vistoso ferro em sorte à gaiola, pondo logo o selo na carta para que todos soubessem ao que ia. Rubricou uma boa actuação, desenvolvendo acertada brega e colocando a ferragem da ordem em sortes frontais muito meritórias, pelo que a música soou em sua honra e o público não lhe regateou aplausos. Frente ao seu segundo oponente, começou por cravar um comprido igualmente em sorte à gaiola e prosseguiu a sua lide com muito bons pormenores de brega, cravando a ferragem em sortes de frente a carregar ao piton contrário. Moura Júnior apresentou na capital ribatejana a “mourina”, a sua recente inovação em que cita recuando até provocar a investida do toiro, após o que se quarteia na cara deste e coloca o ferro em terrenos do máximo compromisso. O público gostou, aplaudiu, e Moura Júnior concluiu a sua função sob o signo do êxito.

João Ribeiro Telles alardeou em toda a tarde as suas excelsas qualidades técnicas e artísticas. Colocou bem os ferros compridos e em seguida desenhou vistosas lides, adequando terrenos e distâncias e colocando os curtos em sortes carregadas ao piton contrário, plenas de emoção e de verdade. Frente a qualquer dos seus oponentes, Ribeiro Telles derramou arte, poder e valor, e a alegria e a emoção que transmitiu no seu qualificado labor perfumaram uma tarde onde o espírito competitivo esteve sempre presente, pois, nenhum dos marialvas em praça estava disposto a perder a contenda. Alguns dos ferros colocados por João Ribeiro Telles, especialmente no quinto toiro da tarde, foram magníficos. O público sufragou este grande êxito com fartas e calorosas ovações.

Francisco Palha reaparecia nesta tarde após um mês de convalescença devido à colhida que sofreu em Salvaterra de Magos, e, em boa verdade, não poderia ter um cartel de maior aperto do que este. Porém, o maior aperto decorreu do difícil lote que lhe tocou pela frente, já que o marialva estava disposto a pôr toda a carne no assador como tem vindo a fazer nas suas últimas actuações. Em Santarém não foi diferente, e, por isso, recordamos das suas lides, detalhes preciosos, quer na forma como citou de largo e após a investida do toiro foi ao seu encontro, proporcionando reuniões de um compromisso extraordinário e quando os toiros, especialmente o último, se fechou em terrenos de tábuas, Palha encurtou distâncias e colocou os curtos em sortes quase impossíveis. É certo que esta actuação não alcançou o brilhantismo que o tem acompanhado e com que, certamente, Francisco Palha sonhara durante este tempo da sua recuperação, porém, a evidência da sua determinação e das suas excelentes condições falou mais alto, e catapultou-o, igualmente, para uma posição de êxito, sublinhado pela ovação do público a reclamar-lhe a volta à arena após a lide do toiro que encerrou a corrida.

O futuro ditará, decerto, o mais frequente reencontro destes três excelentes toureiros, que estão a chegar ao ponto cumbre das suas trajectórias profissionais, arrastando atrás de si os admiradores de cada concepção de toureio. Mas, que não hajam descuidos, pois, outros, igualmente valorosos cavaleiros, estão à espreita de um lugar entre este trio.

O Grupo de Forcados Amadores de Santarém assumiu outro grande desafio nesta corrida, após o que já lograra vencer na anterior corrida frente aos toiros “Sommer”. Agora foi o confronto directo com os Amadores de Montemor, Grupo que está a atravessar um período de grande qualidade. Os Amadores escalabitanos não recearam a competição e estiveram num nível magnífico. Para a pega do primeiro toiro saltou à arena António Taurino, que, mau grado apenas haver consumado a sua sorte ao terceiro intento, alardeou faculdades imensas e proporcionou momentos de uma vibração extraordinária. O terceiro toiro da tarde foi pegado superiormente por Francisco Graciosa, que concretizou uma excelente pega, a aguentar duríssimos derrotes, com o Grupo a ajudar muito eficazmente. E para pegar o quinto toiro foi designado Lourenço Ribeiro, que correspondeu com uma pega tecnicamente imaculada, evidenciando excelentes recursos técnicos, pois, o toiro foi devastando as ajudas, mas o forcado na cara aguentou tudo, consumando a sua sorte numa única tentativa.

Os Amadores de Montemor não deixaram os seus créditos por mãos alheias e lograram rubricar uma actuação com a qualidade habitual. O primeiro toiro do seu lote foi pegado superiormente por João da Câmara, que se fechou como uma lapa na única tentativa, aguentando uma viagem muito atribulada. Para o quarto da tarde foi destacado o valoroso Francisco Bissaia Barreto que, também, ao primeiro intento, consumou uma pega muito dura. E para fechar a tarde, o consagrado Francisco Borges concretizou uma portentosa pega, ao segundo intento, tendo aguentado uma barbaridade de derrotes, com o toiro a fugir às ajudas, o que mais dificultou o bom sucesso da sorte.

Direcção de Lourenço Luzio, com assessoria do Dr. José Luís Cruz, cumprindo registar a boa intervenção das quadrilhas de peões-de-brega e o qualificado labor dos campinos, que muito engrandecem esta classe, pelo seu saber e pelo adestramento do seu jogo de cabrestos.

Ludgero Mendes

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