Na última década, o valor das exportações das Frutas Legumes e Flores nacionais passou de 780 milhões de euros em 2010 para 1,683 milhões de euros em 2020, segundo dados da Portugal Fresh, associação que representa mais de 4.500 produtores nacionais. Liderada por Gonçalo Santos Andrade, natural de Almeirim, a associação está apostada em continuar a trabalhar em prol da valorização da origem ‘Portugal’ e das características únicas dos seus produtos. Actualmente, a produção de Frutas, Legumes e Flores já representa 1,5% do PIB nacional, sendo que as vendas ao exterior valem mais de metade desse valor. “É nossa missão manter esta rota de crescimento, ainda que no actual contexto tenhamos diante de nós desafios acrescidos”, refere Gonçalo Santos Andrade.
Que importância tem para o sector das frutas e legumes estar presente na Feira Nacional de Agricultura?
A presença da Portugal Fresh na Feira Nacional da Agricultura é uma excelente oportunidade para promover as frutas, legumes e flores nacionais junto dos consumidores. Produzimos produtos de elevada qualidade e em condições únicas que se reflectem no sabor, no aroma e na cor. É fundamental aproximar os produtores de quem consome, dar a conhecer as empresas e as suas práticas e unir o mundo rural ao mundo urbano.
Na Feira Nacional de Agricultura, a Portugal Fresh irá também apostar na promoção de uma agricultura sustentável nas vertentes ambiental, social e económica e divulgar as novidades mais recentes da associação, como a presença na Fuit Attraction, em Madrid, em Outubro.
Na última década, o sector deu um salto incrível de qualidade, segurança alimentar e diferenciação e é reconhecido em várias geografias mundiais. É muito importante que os consumidores nacionais também conheçam esta realidade.
Como é que o sector da agricultura, em particular das frutas e legumes, enfrentou os tempos conturbados de pandemia?
Vivemos tempos difíceis e complexos, mas graças à resiliência e profissionalismo do sector agro-alimentar, os consumidores tiveram sempre acesso a produtos de elevada qualidade e segurança alimentar. O sector nunca parou, mesmo em pandemia, e demonstrou uma vez mais a sua vital importância em alturas de crise.
No plano das exportações, os contactos angariados nos últimos anos foram cruciais para um escoamento total da produção nacional.
Quais são os principais desafios para a retoma económica no sector?
Os principais desafios que enfrentamos neste momento são a disponibilidade e o acesso à água e a disponibilidade de mão de obra.
Que falta ao País para fazer crescer o factor exportação destes produtos?
A qualidade, segurança alimentar e diferenciação garantida pelos produtores portugueses é hoje reconhecida por clientes-chave em várias geografias mundiais. Na última década o valor das exportações do sector das Frutas Legumes e Flores duplicou. As vendas para o exterior cresceram de 780 milhões de euros, em 2010, para 1.683 milhões de euros em 2020. E o valor da produção passou pela primeira vez os 3.000 milhões de euros em 2019. O sector exporta agora cerca de 60% do valor da produção.
E mesmo num contexto de pandemia, as empresas produtoras de frutas, legumes e flores não pararam. Em 2020, as exportações cresceram 4,4% em valor.
Os recursos hídricos são fundamentais para este tipo de culturas. Quais os desafios que enfrentam nesta questão?
Só podemos ter um sector competitivo e moderno se tivermos acesso a água. O regadio deve ser a prioridade do sector na próxima década e necessitamos de uma estratégia para ligar o país de Norte a Sul, e do Oeste a Este através da água. Necessitamos de modernizar e revitalizar os perímetros de rega existentes e de criar novas reservas de águas superficiais para sermos verdadeiramente competitivos.
O que deve ser feito para potenciar o aproveitamento da água?
O uso eficiente da água é uma prioridade do sector e as empresas têm feito elevados investimentos para gerir de forma precisa e sustentável a água. Defendemos que é preciso melhorar os aproveitamentos hidroagrícolas e criar novos para potenciar o aparecimento de novos negócios de múltiplos fins, permitir a fixação de pessoas no território e ajudar no combate às alterações climáticas. São passos fundamentais que contribuem decisivamente para o aumento das exportações e para a economia nacional.
O projecto Tejo trará a resolução deste problema na região ribatejana?
O projecto Tejo é estratégico para a região e para o país e irá ter um impacto muito positivo: podemos aumentar o valor da produção e das exportações, melhorar a balança comercial e, assim, aumentar a nossa autonomia estratégica.