António Valdemar, Luísa Costa e Luiz Fagundes Duarte foram os mestres-de- cerimónias da «Festa Redonda» terceirense em pleno CCB de Lisboa. O bilhete indicava a data (10 Mar 18), a hora (15:00), o preço (5,00€) e o motivo (Dia Literário Vitorino Nemésio) mas não indicava o sentido último da Festa que é (e será sempre) um encontro, um intervalo de alegria e de luz num quotidiano cinzento e monótono. António Valdemar (com erudição e fotografias antigas) apresentou o percurso pessoal de Vitorino Nemésio (1901-1978) desde o seu nascimento (Vila Praia da Vitória) até às cidades que tomou como suas (Lisboa e Coimbra) sem esquecer a passagem pela Horta onde fez o exame do quinto ano do Liceu que lhe foi negado em Angra do Heroísmo.
A nota de 10 (dez!) valores a Português e Francês que lhe foi atribuída no Liceu da Horta pode ter sido o impulso para o Prémio Montaigne que recebeu mais tarde e para o seu livro de poemas que foi escrito no idioma de Voltaire. Vitorino Nemésio foi sempre um poeta e (sabe-se) toda a poesia é (sempre) uma resposta. Para fazer uma roda são precisas quatro pessoas e foi Manuel Nemésio, do alto dos seus 87 anos, que acabou por encerrar a sessão. Antes tinha Luísa Costa lido (como só ela sabe) alguns poemas da «Festa Redonda» fazendo com que quem (de olhos fechados) a ouvia, se colocasse numa carroça de Vila Praia da Vitória a caminho de Angra do Heroísmo – quando ainda não havia a EVT e era tudo artesanal.
Luiz Fagundes Duarte mostrou um pouco da «oficina poética» do Mestre e uma desconhecida e curiosa «memória justificativa» para a futura (nunca concretizada) segunda edição do livro «Festa Redonda» de Vitorino Nemésio. Por mim não posso deixar de lembrar que o quarto de João Garcia fica na Rua da Rosa. Tal como o de Vitorino Nemésio, ele mesmo.