Na tarde do passado domingo a Arena d’Almeirim acolheu, no âmbito do Festival da Sopa da Pedra, um espectáculo de recortadores que suscitou a afluência de muito público, que preencheu cerca de ¾ da lotação do tauródromo almeirinense.
A intervenção, a um tempo artística, mas sobretudo audaz, dos jovens recortadores sugere para muitos dos aficionados taurinos a realização das antigas “picarias”, nas quais valorosos espontâneos se recortavam na cara dos toiros, poderosos e sabidões, em evidentes atitudes de destreza e pujança física, merecendo muitos e justos aplausos do público presente.
As picarias de hoje, vulgarmente designadas por “largadas de toiros”, já não contam com tantos “toureiros”, pois esta actividade carece de muita experiência e algum saber dos que se expõem assim com tanto risco, exigindo que se conheçam os terrenos dos toiros e o tipo das suas investidas para poder avaliar de onde os citam e a que distâncias têm de fazer os quiebros ou, mais difícil ainda, os saltos acrobáticos por cima dos hastados.
Este espectáculo tem o condão de tornar aficionados muitos dos que assistem à actividade dos recortadores, constituindo uma forma de sensibilização para a essência do toureio, para o qual muitos se sentem conquistados, passando a assistir a corridas de toiros.
Na Arena d’Almeirim exibiu-se o Grupo de Recortadores “Arte y Emoção”, de Vila Franca de Xira, que ali se apresentou com quatro “campeões”, muito conceituados no meio, e três “Jovens Promessas”, que para além de coadjuvarem a actividades dos “mestres” também exibiram as suas imensas faculdades.
O público saiu satisfeito, tanto mais que apenas há a registar uma colhida, felizmente, sem gravidade, o que até acaba por se ajustar ao contexto gastronómico em que decorreu este espectáculo, ou seja, no grandioso Festival da Sopa da Pedra, também houve tempo e espaço para uma dose de sopa de corno.